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Gestão de pessoas: por que só olhar para os melhores?

Telhado desabado da Escola Estadual Leônidas Souza

Parece ser um paradigma empresarial demitir os colaboradores que não se adaptam rapidamente à cultura da empresa (será cultura ou ausência de visão futura?)

O ideal é que os princípios de gestão de pessoas sejam aplicados em todas as organizações, mas sabemos que isso é pura utopia. Porém tem alguns princípios que quando não são praticados pelo empresariado podem comprometer o futuro dos seus empreendimentos. Exemplificamos dizendo como o empresário de qualquer organização pode pretender uma excelente produtividade, se o salário de um empregado com experiência produtiva de cinco anos é idêntico ao de um recém admitido? O princípio de adequação salarial ao desempenho apresentado quebra-se instantaneamente.

Seria ingenuidade afirmar que uma microempresa que conta com três colaboradores deve implantar um sistema de avaliação de desempenho funcional, mas o empresário tem a obrigação de saber, mesmo informalmente, quais são os funcionários excelentes, os medianos e os com dificuldades de desempenho.

É gratificante quando vemos um ótimo funcionário de qualquer estabelecimento empreender em um negócio próprio, geralmente no mesmo segmento da empresa que estava empregado, na maioria dos casos no segmento de serviços onde exerce as funções conjuntas de gestão e execução. Mas também é decepcionante o percentual elevado destas novas empresas que encerram suas atividades, pela queda de desempenho quando começam a expandir seus negócios e contratar pessoas que não apresentam a mesma produtividade e qualidade dos serviços quando eram realizados unicamente pelo empreendedor.

É aqui que entra um tema muito divulgado e pouco praticado pelo empresariado, principalmente pelos micro e pequenos: a educação continuada, pois ela é que proporcionará o conhecimento e as aptidões do processo gerencial.

Já tratei neste espaço dos meios que proporcionarão estes conhecimentos e aptidões são diversos, como graduação, pós graduação, cursos intensivos, seminários, palestras, livros, sejam presencias ou através da internet, como também as redes sociais que conecta os empresários para discussão de problemas de gestão em comum. Porém a maioria destes empresários não utilizam o network porque expõe suas limitações sobre o assunto, pura vaidade, pois estas redes quando bem utilizadas podem diminuir estas limitações e contribuírem para um melhor desempenho de suas atividades.

Um instrumento auxiliar que proporciona bons conhecimentos a qualquer hora sempre foi a leitura, que por sua amplitude de assuntos e ótimos autores pode auxiliar na gestão e resolução de problemas, desde que seja entendida e adaptadas as peculiaridades de cada empresa, é para isto que servem as teorias, serem aplicadas no ambiente empresarial.

De acordo com Jack Welch (1935-2020), na prática as empresas que realizam a avaliação de desempenho de seus colaboradores têm com resultado que que classifica, em média, que 20% apresentam resultados excelentes (acima da média), 70% resultados esperados (média) e 10% resultados abaixo do esperado (fraco), este percentual pode variar para cima ou para baixo de empresa para empresa, pois dependem de como elas realizam suas políticas de gestão de pessoas.

A tendência, da maioria dos empresários das pequenas e médias empresas, é concentrar sua atenção ao grupo dos excelentes, um pouco de atenção aos medianos e demitir os que tem desempenhos abaixo do esperado. Ao privilegiarem os colaboradores excelentes para que se mantenham, no mínimo, nos mesmos padrões, deixam de observar que somente alguns serão aproveitados em cargos de direção na empresa e aqueles que forem preteridos provavelmente procurarão outras empresas na expectativa de serem aproveitados nos cargos desejados. Quem substituirá estas lacunas, considerando a ausência de planos para melhoria do desempenho dos considerados medianos e dos fracos, quando o razoável é transformar os medianos em excelentes e os fracos em medianos e assim sucessivamente.

Quanto aos 10% com desempenho abaixo do esperado, neste grupo de empresas, a expectativa é que sejam demitidos e a empresa continue neste círculo vicioso.

Uma das características de sucesso do empresário é a criatividade, pois sem esta característica seu empreendimento dificilmente continuará no mercado. Porém desconheço que alguma empresa tenha, pelo menos, tentado inverter os seus índices de atenção aos grupos resultantes do sistema avaliatório, como em um exemplo hipotético, dar 70% de atenção aos 10% considerados fracos, 20% aos 70% medianos e 10% aos excelentes, ou seja dar uma atenção maior àqueles que têm os piores desempenhos para quebrar o paradigma de que estes 10% são irrecuperáveis.

Devemos deixar claro que esta sugestão/questionamento depende de outras variáveis, pois a avaliação de desempenho é apenas um item do subsistema de manutenção de pessoal, que compõe com outros subsistemas, o sistema geral de gestão de pessoas e para que apresentem resultados positivos devem estar interrelacionados entre si.

Como se pode notar a gestão de pessoas é complexa devendo ser estudada, discutida e aplicada, tornando-se o principal meio de sucesso empresarial.