×

Negócios/Economia

Germán Efromovich: ?Alagoas não é uma opção, é uma obrigação?

Empresário garantiu que empreendimento alagoano é prioridade

Em entrevista concedida à Assessoria de Comunicação da Secretaria de Estado do Planejamento e do Desenvolvimento Econômico (Seplande), após reunião com o governador Teotonio Vilela Filho e o secretário Luiz Otavio Gomes, o empresário do Grupo Synergy, Germán Efromovich, afirma que todos os seus investimentos levam em conta o lado socioeconômico e que investir em Alagoas é uma necessidade. Através do projeto do Estaleiro Eisa, que será construído no município de Coruripe, Germán assegura que os postos de trabalhos gerados mudarão a economia e a cara social do Estado.

Foi no ano de 2009 que o Governo anunciou aos alagoanos a ida do Estaleiro Eisa para o Estado, mas quando e como surgiu essa possibilidade da construção de um Estaleiro em Alagoas? Em janeiro de 2009 fui visitar Alagoas a convite do secretário Luiz Otavio Gomes. Na ocasião, o governador me convidou para almoçar e falei um pouco das atividades que o Grupo possuía. Mencionei que nós iríamos construir a terceira unidade de estaleiros no Brasil [possuímos duas no Rio de Janeiro]. Teotonio me perguntou onde estávamos pensando, eu citei o local e ele apontou para o mapa de Alagoas, afirmando que a nova unidade seria instalada no município de Coruripe. Na mesma tarde, sobrevoamos a área e percebi que Alagoas tem o privilégio de ter uma costa maravilhosa e também uma situação tecnicamente favorável. Mandamos os nossos técnicos fazerem uma análise mais profunda e o governador estava correto, pois apesar de mar aberto, o local se enquadrava perfeitamente nas características que poderiam viabilizar a obra, sem falar no valor econômico e social que o projeto representaria para o Estado de Alagoas e consequentemente para o Brasil.

Um longo caminho foi percorrido até que a licença prévia de instalação fosse concedida, vocês poderiam ter desistido de investir no Estado, inclusive, mas isso não aconteceu. Por que o grupo acredita em Alagoas? A indústria naval no Brasil é uma realidade, a demanda existe e o País possui necessidades nessa área. Não há nenhum lugar melhor para desenvolver do que um Estado necessitado de um projeto que crie empregos, mude a economia e a cara social, e esse projeto vai fazer isso. Alagoas não é uma opção, é uma obrigação. Eu acho que o Governo Federal e os brasileiros em geral deveriam se preocupar com investimentos não só concentrados nas áreas que já estão desenvolvidas, mas ter a obrigação de promover ações nos locais mais carentes e necessitadas em termos econômicos e sociais como o Estado de Alagoas.

Após a obtenção da licença prévia, quais são as próximas etapas a partir de agora? Agora temos que obter uma licença definitiva, denominada Licença de Implantação, que é uma consequência da licença-prévia. A partir de agora vamos concentrar os esforços na elaboração dos projetos complementares. Trabalhamos com o prazo até o final do ano, e, na pior das hipóteses, iniciarmos a construção até o final do primeiro trimestre de 2014.
Com relação aos projetos que o senhor citou anteriormente, confere que o Eisa Alagoas será o mais moderno do País? Eu diria que um dos estaleiros mais modernos do planeta. O projeto prevê o que há de mais inovador do ponto de vista tecnológico no mundo. Em termos de produtividade, como a automação que vamos ter mais a qualificação da mão de obra que queremos atingir, nos equiparemos aos empreendimentos chineses.

Se tudo ocorrer como previsto, quando o empreendimento será inaugurado de fato (iniciar as operações)? Se tudo como ocorrer como previsto e não houver mais pedras no caminho, iniciaremos as construções em 2014, a primeira fase será inaugurada em 2016 e a entrega do primeiro navio em 2018.

Comente mais sobre o projeto: investimentos, números de empregos diretos e indiretos, perspectiva de produção. Quanto aos empregos: na sua plenitude, poderemos chegar a 10 mil, sendo quatro mil na construção. Para os indiretos, prevemos até 50 mil. O mais bonito desse projeto é a parte social que acompanha e engloba a qualificação de mão de obra, de treinamento, de investimentos em criar pequenas empresas familiares que produzirão para o Estaleiro, como por exemplo, uniformes, copos de plástico, entre outros materiais. A ideia é ajudarmos, junto aos órgãos de fomento, a financiar pequenas fábricas e prestadoras de serviços familiares nos municípios circunvizinhos a Coruripe, inclusive para que tudo aquilo que se faça necessário utilizar no Estaleiro e que tenha sentido técnico e econômico seja produzido na região.

Quanto a investimentos: serão alocados R$ 2,2 bilhões. Este atraso nos deu um upgrade em tecnologia e uma condição de conhecer equipamentos com maior capacidade e flexibilidade, o que levou a um aumento do capital inicial a ser investido, falo de R$ 700 milhões. Além do tamanho da nova área, que aumentou 50 hectares, passando a ocupar 2.600 mil m². Com investimento maior, a produtividade também crescerá, fazendo com que o retorno passe a ser até mais rápido. A cada 18 meses, um navio será entregue.

Existe algum empreendimento alagoano do setor naval ou metal mecânico que vocês acreditam que vai auxiliar o trabalho que será desenvolvido no Estaleiro? Alagoas conta com algumas empresas como a Jaraguá Equipamentos e o Consórcio Tomé/Ferrostaal, mas eu tenho certeza que com o Estaleiro mais indústrias vão surgir. Estamos conversando com alguns grupos estrangeiros que querem se instalar no Brasil e que poderão ser fornecedores do estaleiro. Temos conversado com o secretário Luiz Otavio a respeito, e acredito que vamos ter sucesso, garantindo a chegada de pelo menos três ou quatro indústrias para o Estado.

E para a população alagoana, o que o senhor promete com a instalação do Eisa? Os alagoanos podem esperar o quê? O Governo de Alagoas e o Grupo Synergy vão dar as ferramentas e cabe ao povo usá-las e saber tirar proveito disso. Foi uma luta árdua, contra tudo e contra todos, mas os alagoanos estiveram unidos para que essa licença saísse. Toda vez que fomos a uma audiência publica, vimos o desejo do povo de Alagoas, que se manteve unido. Em quatro anos já se investiu uma quantidade significativa de recursos para conseguir a licença. Os alagoanos podem ter certeza que do nosso lado não haverá desistência, enquanto tivermos condição de levar esse projeto adiante, porque não estamos nesse processo só para o mercado doméstico, percebemos a nossa capacidade de poder competir a nível internacional.