Imagem de Nathana Rebouças no Unsplash
A ferramenta de buscas do Google tem uma aba exclusiva dedicada às notícias, mas na prática não é assim que uma boa parcela dos “zoomers” e dos Millennials fica em dia com os assuntos do momento.
Em 2020, a Gazeta do Povo, maior jornal do sul brasileiro, deixou de publicar edições físicas. A decisão não foi surpreendente: desde 2017 o veículo já tinha abandonado as edições diárias e focado apenas em versões semanais e no portal de notícias. Atualmente, todos os esforços são voltados ao online.
E a Gazeta do Povo é apenas um exemplo, com múltiplos outros veículos realizando um movimento similar; consequência, entre outras coisas, do interesse decrescente por jornais físicos. O que não era percebido é que essa tendência se intensificaria também para o menor acesso às plataformas digitais.
De acordo com um estudo da ExpressVPN, o qual nós vamos usar de base para as discussões do texto abaixo, entre 35% e 52% dos indivíduos que acessam as redes sociais o fazem para encontrar notícias e se manter informados sobre eventos atuais. Isso é particularmente comum entre as novas gerações.
É verdade que a Geração Z e Millennials se informam sem o Google?
Antes de adentrarmos no “como”, é importante checar se a pergunta proposta no título sequer tem um fundo de verdade. Afinal de contas, a Geração Z e os Millennials realmente se informam sem usar o Google? Seguindo a pesquisa da ExpressVPN, podemos dizer que a afirmação não está 100% correta.
A verdade é que entre 60% e 66% dos internautas entre 18 e 34 anos usam o Google diariamente, o mesmo percentual de uso das redes sociais. Os números só começam a ficar díspares (em favor do Google) quando analisamos dados de indivíduos com mais de 35 anos, da Geração X ou dos Boomers.
Outra maneira de interpretar a pergunta do título é: aos que não se informam com o uso do Google, quais são os espaços onde coletam suas notícias? Essa questão é mais complexa e interessante, de modo que vale a pena dedicarmos um tópico exclusivo a respondê-la com uma maior profundidade.
Em quais plataformas novas gerações encontram suas informações?
Voltando aos estudos da ExpressVPN, seus dados informam que diferentes gerações fazem uso de redes distintas para se informar. No caso específico da Geração Z e dos Millennials, os espaços mais prevalentes para essa atividade são o Reddit, o Instagram, o Facebook, o TikTok e o X (antigo Twitter).
O Reddit sai na frente, com percentuais entre 24% e 49% nas gerações mais jovens. Em seguida vêm o Instagram (27% a 28%) e o Facebook (entre 11% e 28%). Esses números vão se tornando cada vez mais distintos conforme avançamos para outras gerações, demonstrando preferências muito claras.
A influência dos influenciadores digitais na busca por informação
Outro fator importante nesse cenário é a influência dos criadores de conteúdo. Perfis especializados em política, economia, tecnologia e cultura pop transformaram plataformas como YouTube, TikTok e Instagram em verdadeiras fontes de informação.
Os influenciadores conseguem adaptar notícias e tendências para uma linguagem mais acessível, muitas vezes trazendo análises que se conectam melhor com o público jovem. Isso cria um senso de proximidade e confiabilidade, algo que muitas vezes falta nos veículos tradicionais.
Além disso, os algoritmos das redes sociais favorecem esse tipo de conteúdo, recomendando postagens baseadas nos interesses do usuário. Desta forma, um jovem pode acabar recebendo informações relevantes sem precisar fazer uma busca ativa, como aconteceria no Google.
O crescimento dos podcasts e newsletters como fontes de informação
Os podcasts e newsletters também têm se tornado alternativas populares para Millennials e a Geração Z consumirem notícias. Com a rotina acelerada, muitas pessoas preferem se atualizar enquanto realizam outras atividades, como dirigir ou praticar exercícios físicos.
Plataformas como Spotify, Apple Podcasts e Substack oferecem uma infinidade de conteúdos, desde resumos diários de notícias até análises aprofundadas sobre temas específicos. Essa abordagem permite que o público escolha as fontes que mais se alinham aos seus interesses, evitando o excesso de informação presente nos motores de busca tradicionais.
Como as inteligências artificiais têm impactado as informações online?
Até aqui nós trabalhamos a “substituição” do Google pelas redes sociais, mas o artigo da ExpressVPN também cita inteligências artificiais como um recurso ao qual as gerações mais jovens têm recorrido. Ferramentas como o ChatGPT não são boas em entregar fontes, mas elas respondem perguntas diretas.
Ou seja: para quem deseja uma informação “direto ao ponto”, as inteligências artificiais são uma boa alternativa, mesmo com as suas eventuais falhas. Não é à toa, então, que as próprias plataformas de notícia tradicionais vêm fazendo uso de recursos de IA para produzir alguns tipos de conteúdo online.
Independentemente dos detalhes, uma verdade prevalece: as novas gerações estão se informando sem usar o Google, embora essas ferramentas de pesquisa ainda apareçam no cotidiano da maioria. As razões são variadas, com uma das principais sendo a busca pelas opiniões mais humanas das redes.
