A notícia veiculada no último final de semana nos meios de comunicação do estado sobre a construção de um gasoduto entre Penedo e Arapiraca, a partir da utilização do CITY-GATE instalado no município ribeirinho no ano de 2009, leva-nos a uma reflexão sobre os caminhos do tão sonhado desenvolvimento de Penedo.
A manchete: “Gasoduto entre Penedo e Arapiraca será entregue em 2013”, nos remete às ações que foram desenvolvidas a partir do ano de 2004, no sentido de propiciar condições privilegiadas para a atração de empreendimentos que, traídos pela inércia dos governantes, viram as costas para a nossa cidade.
Para iniciar a construção do gasoduto Carmópolis-Pilar, a Petrobras, dona do empreendimento precisava conseguir junto ao IBAMA, sua licença ambiental. Na análise da licença pelo IBAMA estavam previstas audiências públicas em municípios de Alagoas e Sergipe por onde passaria o gasoduto, dentre eles Penedo.
À época, ano de 2004, assumia o mandato de deputado estadual na Casa Tavares Bastos, e tão logo tomei conhecimento dessas audiências, procurei o presidente da ALGÁS, Gerson Fonseca, companheiros que fomos na mesma turma de Engenharia Civil, para que ele informasse os reais perigos para os moradores do povoado Itaporanga, o mais próximo do gasoduto, bem como qual a possibilidade de Penedo usufruir daquele desenvolvimento tão anunciado na propaganda do gasoduto. Ali ouvi pela primeira vez a palavra CITY GATE (ou ponto de entrega) e me foi explicado que eram equipamentos que modificavam a pressão do gás transportado no gasoduto por grandes distancias, para a pressão de distribuição aos consumidores. Ele representava também a mudança de custódia, quer dizer, após sair do CITY GATE, a distribuição já seria da ALGÁS, concessionária para Alagoas e não mais da Petrobras.
Empolgado com a possibilidade de Penedo criar um diferencial para atração de indústrias, estando entre as poucas cidades que poderiam oferecer o gás como matriz energética, procurei as autoridades locais, bem como as lideranças da sociedade civil organizada, obtendo apoio total à reivindicação do CITY GATE. Ficou definido ainda por estas lideranças que eu seria o porta-voz da solicitação à Petrobras, na audiência pública do IBAMA.
Apesar do nosso apelo e dos penedenses que compareceram ao histórico Teatro Sete de Setembro, os representantes da Petrobras alegaram que o município não tinha demanda para o gás e a audiência não foi conclusiva.
Dentro do prazo estabelecido por lei (cinco dias úteis após a audiência pública) protocolizamos no IBAMA um documento com a solicitação do CITY GATE, assinado por todas as autoridades e representantes de entidades que estiveram no Teatro, numa demonstração de que o povo de Penedo estava unido em torno daquela solicitação.
Apesar de Penedo não possuir demanda imediata para o aproveitamento do gás, a reivindicação se embasava no potencial da região, principalmente na possibilidade de implantação de um polo cerâmico baseado em estudos realizados pela CPRM-Companhia de Pesquisas de Recursos Minerais, quando tinha como presidente o penedense Humberto Ferreira Costa.
Algum tempo depois, o IBAMA marcou outra audiência pública, onde anunciou que a Petrobras havia acatado a reivindicação dos penedenses e a instalação do CITY GATE seria uma condicionante da licença ambiental.
Após a conclusão do CITY GATE, em 2009, o gás foi ligado pela ALGAS ao posto Grande Rio para abastecimento com gás veicular.
Nesse período, nenhuma outra ação foi feita pela Prefeitura ou pelo Governo do Estado no sentido de gerar desenvolvimento com a utilização do gás.
Não foi criado um distrito industrial, não foram feitos os estudos complementares da argila, solicitados por empresários do setor de cerâmica interessados em vir para Penedo, nem mesmo no portfólio apresentado pelo Estado a investidores nosso município aparece como opção com a utilização do gás.
Agora, todo esse esforço e conquista do povo penedense podem ter sido em vão, em função da notícia divulgada pelo governo de Alagoas, onde coloca inclusive, que o gasoduto vai levar desenvolvimento às regiões do Baixo São Francisco e do Agreste.
Como levar desenvolvimento ao Baixo São Francisco se o gás está aqui e até hoje nada foi feito para utilizá-lo no crescimento desta região?
Nenhum investimento foi feito para viabilizar a utilização do gás em Penedo, e agora o Governo do Estado, através da ALGÁS vai investir R$ 24.000.000,00 para levar o gás para Arapiraca, “onde há potencial para atração de investimentos”, como destaca o secretário Luis Otávio na matéria, ou seja, para oferecer em Arapiraca o que já existe em Penedo.
A decisão política do governo Teotonio Vilela de ligar o ponto de entrega (CITY GATE) do gás de Penedo a Arapiraca, antes de executar qualquer ação para seu aproveitamento em nossa cidade, demonstra a total falta de compromisso deste governo e de “penedenses” que integram seu alto escalão, com o povo desta região.
Nada contra Arapiraca, afinal, aquele município é administrado por gestores preocupados com o seu desenvolvimento e estão empenhados no cumprimento de seu dever para com os arapiraquenses, ou seja, honrar os compromissos que um mandato impõe, mas este gás é nosso, é de Penedo, é dos penedenses e não podemos cruzar os braços, depois de tanta luta, batendo em retirada, conformados e cabisbaixos diante de tanto descaso.
Clique aqui para ler o documento protocolizado no IBAMA