O governo mandou um recado a todo o funcionalismo: não concederá reajuste salarial este ano e pretende cortar o ponto daqueles que insistirem em fazer graves consideradas ilegais pela Justiça.
O aviso foi dado no fim da noite desta segunda-feira (10) pelo ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, após reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ministros, presidentes e diretores de autarquias e de outros órgãos públicos.
De acordo com Paulo Bernardo, a reunião foi convocada por Lula para “alinhar” a posição do governo em torno de eventuais reivindicações salariais dos servidores.
“Passamos uma orientação de que não tem previsão de reajuste salariais para 2010. Não tem no Orçamento e não temos condição de colocar”, afirmou o ministro.
A preocupação, segundo Bernardo, é não deixar dívida para o próximo governo e não colocar em dúvida a estabilidade econômica alcançada pelo país.
“Não vamos permitir nenhuma irresponsabilidade, particularmente na reta final [de mandato]. Ele [Lula] não quer deixar para o próximo governo uma grande monta. Não ganhamos nada se fizermos irresponsabilidade e não vamos jogar a credibilidade que adquirimos em termos fiscais”, disse Bernardo.
O ministro acrescentou que a reunião foi realizada também para que todos os ministros, presidentes de estatais e de empresas públicas, além de diretores de autarquias e de outros órgãos federais, deixem claro para os servidores a posição do governo de que não há possibilidade de conceder novos reajustes este ano.
Conforme Paulo Bernardo, em alguns casos, ministros e outros dirigentes se comprometiam com as reivindicações dos servidores, o que dificultava o diálogo com as categorias.
“A reunião serviu para passar o recado e alinhar o governo com essa política. Isso facilita o diálogo com os trabalhadores”, acrescentou.
“Ainda temos que pagar em julho aquilo que foi votado anteriormente, e o presidente fez uma recomendação muito firme de que nenhum dirigente e nenhum membro do governo assuma as reivindicações dos trabalhadores”, explicou Bernardo.
Segundo ele, cerca de seis órgãos, entre eles o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), estão em greve. Nesses casos, afirmou, o governo vai analisar a legalidade do movimento e descontar os dias parados.
“No caso das greves, estamos arguindo a legalidade, várias já foram consideradas ilegais e, mais do que isso, estamos controlando a frequência e há uma determinação de descontar os dias parados. Inclusive o presidente [Lula] reforçou que é para controlar e descontar as faltas, sem qualquer vacilo.”