A fumaça lançada pela indústria de derivados de coco Frutos da Terra está prejudicando o funcionamento da Escola Estadual Amintas Diniz de Aguiar Dantas, situada em Neópolis, município sergipano situado às margens do rio São Francisco. O problema denunciado nesta quarta-feira, 15, na Rádio Penedo FM (97,3 Mhz) foi constatado pela reportagem do portal de notícias Aqui Acontece que também ouviu o dono da fábrica, Vagner Cândido, que assegurou já ter providenciado a troca da chaminé.
A estrutura que mede seis metros será substituída por uma de dez metros, o que deve resolver o problema, segundo o dono da fábrica. A emissão da fumaça (queima de ‘quengas’ de coco que alimentam os fornos da indústria) atrapalha o desenvolvimento das aulas, principalmente no período da tarde, quando os estudantes do Ensino Fundamental ocupam as quatro salas da unidade de ensino localizada por trás da rodoviária da cidade ribeirinha. A reportagem ouviu diversos relatos de alunos, professores e funcionários que tiveram crises de tosse e dores de cabeça, dentre outros problemas.
Dores de cabeça e crises de tosse
Wendell Max Souza Cruz, 13 anos, é aluno da 8ª série e disse já ter faltado por duas ou três vezes por conta da poluição. “Às vezes eu chego em casa tossindo, com o nariz entupido”, declarou o adolescente. Na última segunda-feira, a escola parecia envolta por um nevoeiro, disseram os entrevistados. “A sala ficou toda branca, aí eu comecei a tossir, botei a camisa no nariz, mas fiquei espirrando, tive dor de cabeça”, afirmou o estudante da 5ª série Mateus Oliveira Sales, 11 anos.
A coordenadora pedagógica Rita de Cássia Gomes Dantas ressaltou que a comunidade escolar não é contra o funcionamento da indústria. “A fábrica gera empregos, mas não podemos ser prejudicados por essa situação”, declarou. Instalada há um ano em Neópolis, a fábrica Frutos da Terra produz polpa de coco e coco ralado, itens exportados para as regiões Sul e Sudeste do Brasil. Sua unidade gera 60 empregos diretos e injeta cerca de R$ 800 mil na economia do município, segundo o proprietário Vagner Cândido.
Atraído pela qualidade do coco alagoano e incentivos fiscais do governo sergipano, o empresário optou por se instalar em Neópolis, decisão fundamentada em estudos que levaram cerca de dois anos. A estratégia prevê inclusive que a fábrica deixará de funcionar na zona urbana do município e já tem proposta para se instalar no Platô de Neópolis, mas ainda analisa a viabilidade da mudança para o perímetro irrigado. Vagner Cândido informou ainda que pretende continuar com a atividade por, no mínimo, os próximos dez anos e que somente no tratamento de efluentes a indústria investiu cerca de R$ 50 mil para operar no município, atendendo as regras exigidas pelos órgãos ambientais.