×

Penedo

Frevo, maracatu e batucada na abertura do carnaval de Penedo

Mistura de ritmos marca abertura oficial do carnaval em Penedo

Orquestras de frevo locais, dois grupos de maracatu de Maceió e a Batucada Unidos do Bairro fizeram a festa do folião em Penedo durante a abertura do carnaval. A mistura ritmos no ‘corredor da folia’ marcou da Lavagem do Beco e das escadarias da Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, apresentações que inauguram oficialmente o ‘Reinado de Momo’ na cidade histórica.

Nem mesmo o registro de um homicídio no local da festa (clique e confira notícia sobre o caso), o trânsito de veículos ao lado da Praça Jácome Calheiros (um dos focos da folia) e a falta de policiamento conseguiram estragar a melhor data do carnaval em Penedo. Da concentração na Praça Clementino do Monte (onde está situada a Igreja do Senhor dos Pobres) à orla ribeirinha, local de dispersão dos blocos alternativos, a animação foi garantida.

Estoque ampliado para o carnaval

Até o atraso para o começo do desfile trouxe alegria, pelo menos para Dalmo Alencar, dono da barraca Big Lanches. O ponto de alimentação abasteceu quem se encontrava na praça e seu entorno com tira-gosto e bebida, estoque ampliado por conta do carnaval. Passava das 20h30 quando o Coletivo Afrocaeté partiu em direção ao Rosário Estreito com cerca de 30 integrantes, entre eles um penedense, Gil Silva, 19 anos.

Capoeirista e percussionista, o estudante do 1º ano do Ensino Médio deixou a casa onde morava com os pais no Campo Redondo. “Eu fui daqui até Maceió chorando”, relembrou com risos sobre o episódio ocorrido há 12 anos. Feliz com a volta, ele e o grupo também se apresentaram na edição deste ano da festa de Bom Jesus dos Navegantes, quando a Secretaria Municipal de Cultura articulou o retorno do Coletivo para Penedo.

Fernando Vinícius - aquiacontece.com.brMaracatu abriu desfile

Depois da arrancada do maracatu, o carro alegórico, as baianas e os adeptos do candomblé seguiram atrás do carro de som com percussão e cânticos típicos da religião. Faltava ainda o Maracatu Baque Alagoano, que demorou mais um pouco por conta da saída dos integrantes de Maceió. No aguardo do pessoal estava José Moraes Júnior, servidor público federal, penedense e membro do maracatu criado há quatro anos.

“A idéia de formar o grupo surgiu depois que participamos de uma oficina com Wilson Santos, da Orquestra de Tambores. Algumas pessoas se juntaram e daí surgiu o Maracatu Baque Alagoano”, informou Moraes Júnior antes de chegar com os demais integrantes do folguedo ao Rosário Estreito, isso por volta das 23 horas.

Por conta da estreia em Penedo do grupo, ele não viu as baianas cumprir os rituais de lavar o beco situado entre as Ruas João Pessoa e Barão do Rio Branco e nem as escadarias da ‘Igreja dos Pretos’, erguida por escravos no século XVII.

Motos estacionadas no beco

Praticantes do candomblé de quatro terreiros situados em Penedo, em sua maioria mulheres, precisaram esperar para começar a lavagem do beco por conta de motos deixadas no espaço. O contratempo irritou a Secretária Municipal de Cultura que afirmou ter solicitado à Polícia Militar que não permitisse o uso do local como estacionamento. Eliana Cavalcanti também reclamou da ausência de segurança na festa.

Motos retiradas, beco lavado, as baianas seguiram até a igreja, onde a participação do candomblé foi encerrada com uma homenagem ao Pai Fernando, babalorixá falecido em 2010 e que era o responsável pelo ritual acompanhado de perto pelos foliões. A programação que mistura sincretismo religioso, tradição popular e ritmos seguiu com a chegada do Maracatu Baque Alagoano ao Rosário Estreito.

Batucada Unidos do BairroFernando Vinícius - aquiacontece.com.br

O desfile oficial foi concluído com a bateria da Unidos do Bairro e seus passistas. A agremiação carnavalesca formada por moradores do bairro Santa Luzia, popular Barro Duro, trouxe o samba para o Rosário Estreito, apesar da interferência de donos de carro de som que insistem em obrigar os outros a ouvir músicas que botam para tocar em altos decibéis.

A repetição desse tipo de comportamento que desrespeita os músicos que estão se apresentando também é motivo de queixa, da organização e dos foliões. Apesar disso, a brincadeira seguiu até de madrugada, com as orquestras de frevo percorrendo o ‘corredor da folia’ para alegria de passistas e ambulantes.

A venda de produtos como porta-latas e spray de espuma, além de comida e bebida, rendeu um bom complemento de renda aos pequenos comerciantes e também para os donos de bares situados nas imediações da festa que prossegue até a próxima terça-feira, sem programação oficial na segunda, no mesmo local da abertura dos festejos.