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Penedo

Fotos: Museu do Paço Imperial e Casa do Penedo: Guardiões dos 379 anos de história

Palacete que hospedou a família real retrata hoje a história de sua passagem por Penedo

Eles são os grandes responsáveis por preservar parte da nossa história. Abertos a visitações de forma gratuita, ou por cobrança simbólica, os museus retratam o passado de um povo, de diferentes formas, usando a interação dos avanços tecnológicos, ou ainda, persistindo com o clássico contato entre pessoas.

Sem eles, como saberíamos se não através de livros, que o templo da Igreja das Correntes pertenceu a uma tradicional família, que seguiu a tutela sendo transferida por várias gerações. E que essa linhagem abastada na mesma Praça 12 de Abril foi proprietária do casarão do Paço Imperial e também do prédio onde funcionou o Colégio Anchieta, hoje Pousada Colonial.

Os museus são espaços importantes, que merecem atenção dos poderes. Em Penedo, dois locais privados guardam grande parte da nossa história entre suas paredes. Os 379 anos da histórica Cidade dos Sobrados pode ser revisto na Fundação Casa do Penedo e no Museu do Paço Imperial.

O primeiro fundado e mantido pelo psiquiatra Francisco Alberto Salles, 76 anos. O segundo, criado e gerido pela Fundação Educacional do Baixo São Francisco Dr. Raimundo Marinho, instituição presidida por Lysia Marinho, filha do fundador. Os espaços são os únicos na cidade que guardam parte do acervo sobre Penedo, dispondo de hemeroteca, arquivo iconográfico, livros, ornamentos, pratarias e mobiliário que retratam diferentes períodos de Penedo e da passagem de D. Pedro II pelo Baixo São Francisco alagoano e sergipano.

Roberto Miranda - aquiacontece.com.br Na Casa do Penedo, imagens, objetos pertencentes a ilustres da terra, exposições permanentes e transitórias, revivem parte dos 379 anos da cidade. Além de um grande acervo de livros, algo em torno de 50 mil exemplares, de escritores locais, nacionais e estrangeiros, contribuem com o enriquecimento do acervo da entidade.

Como parte das comemorações de aniversário pela elevação à categoria de Vila, a Fundação Casa do Penedo, com 24 anos de criação, entregou oficialmente neste sábado (11), cinco mil livros catalogados e a biblioteca totalmente informatizada e, ainda, liberou ao público imagens de Penedo, todas digitalizadas para consulta por computador. Entre as obras, uma série de livros em braile.

“Uma parceria com a Petrobras permitiu que a Biblioteca F. A. Sales fosse recuperada. Coleções preciosas e livros de autores reconhecidos foram catalogados. A Petrobras adquiriu um software que nos permitiu registrar neste momento 5 mil exemplares. Desta forma, as consultas e pesquisas ficam mais fáceis e rápidas. E ainda, foram digitalizadas 1200 imagens de Penedo. Possuímos um acervo de fotos raras, algo em torno de 5 mil, onde outras cidades são contempladas”, explicou Sales, presidente e fundador da Casa do Penedo.

O Projeto Conhecer para Preservar, uma parceria com a Petrobras Cultural, catalogou parte do acervo. A Casa do Penedo recebeu estantes de livros, armários especiais para guardar livros raros, imagens, coleções e jornais. E um programa de computador especializado para catalogação e digitalização.

“O penedense já entende a importância da Casa, mas precisa ainda mais. Não valoriza. Somos considerados uma Fundação de utilidade pública nas esferas municipal, estadual e federal. Apesar disso, não recebemos um centavo da prefeitura, do governo estadual. Por isso, uma vez ou outra, cortam a energia da Fundação, os funcionários ficam com salários em atraso. Mas, apesar de tudo, faço a minha parte. Afinal, o meu compromisso é unicamente com Penedo”, observou.

Roberto Miranda - aquiacontece.com.brFrancisco Alberto Sales, 76 anos, é presidente e fundador da Fundação Casa do Penedo, com 24 anos de criação. Sales é médico psiquiatra formado na primeira turma de medicina da Universidade Federal de Alagoas (Ufal). A instituição funciona na residência onde viveu com seus pais e irmãos a infância na Rua João Pessoa, Centro Histórico. O acervo foi doado por penedenses e também adquirido com recursos próprios. A entidade é mantida por ele, de salários dos funcionários, passando por pagamento de contas de energia e água. Sua atual morada é Brasília, mas constantemente vem para Penedo, onde possui uma residência.

Durante pouco mais de uma hora, Sales nos recebeu em sua sala, local onde guarda parte da história da Fundação. Dezenas de quadros mostram personalidades brasileiras e estrangeiras que visitaram a Casa do Penedo. O fundador da entidade responsável por guardar e preservar parte de nossa história encerrou tudo com a frase: “O povo não respeita o patrimônio histórico e a história pode ser impiedosa”.

Imperador por aqui passou e se encantou

Aos 34 anos, o imperador D. Pedro II decidiu em expedição desbravar o Rio São Francisco, subindo pela Boca da Barra, Oceano Atlântico, em Piaçabuçu – foz -, indo parar na Cachoeira de Paulo Afonso, para então descobrir as riquezas de suas terras. No percurso, a comitiva ia sendo recebida pelos núcleos de povoações, tanto no lado sergipano, quando alagoano. E em suas paradas, no ano de 1859, ele registou em seu diário: “O local é muito bonito e creio que devera estar aqui a capital da província”.

Naquela época, Penedo era um importante entreposto, a prosperidade era grande, e o São Francisco um dos fatores primordiais do apogeu econômico e seu porto fervilhava riqueza. São histórias em 379 anos de puro encanto, de imperadores, presidentes a anônimos. Também como parte preservadora desta memória, o Museu do Paço Imperial. A instituição que fica localizada na Praça 12 de Abril funciona no palacete que pertenceu aos Lemos Araújo, família que acolheu o imperador em Penedo, última linhagem dona da Igreja das Correntes e do Colégio Anchieta, hoje uma pousada.

O Museu da Paço é igualmente ao primeiro, privado, fundado e mantido pela Fundação Educacional do Baixo São Francisco Dr. Raimundo Marinho, entidade que contribui com a preservação da nossa história. Entre suas grossas paredes, térreo e primeiro andar, um rico acervo retrata a passagem do imperador D. Pedro II e o apogeu econômico e cultural da cidade.

Roberto Miranda - aquiacontece.com.brHá 12 anos trabalhando como guia do museu, Lailton Ferreira foi o responsável por nos transportar ao milênio passado. “Aqui o visitante pode conhecer um pouco da passagem do imperador por Penedo. O palacete pertenceu aos Lemos Araújo, família rica de comerciantes e militares. O acervo dispõe de espadas que pertenceram a guarda do imperador. O conjunto de jantar que serviu suas refeições em Penedo também pode ser visto. O turista pode conhecer a história das medalhas e comendas que adornavam suas vestes. Fotos da sua vida e de seus familiares. Quadros que retratavam o imperador pintados por artistas da época. O acervo é rico sobre sua passagem pelo Baixo São Francisco. O museu também retrata fielmente através de mobiliário de época o apogeu da cidade e sua religiosidade”, contou o guia.

O belo casarão que conta uma parte da história da ‘Cidade dos Sobrados’ faz parte do rico tesouro arquitetônico da Praça 12 de Abril. No conjunto, Igreja das Correntes, Paço Imperial e Colégio Anchieta. Os prédios históricos pertenceram a várias gerações de uma família. Sendo o último registro de tutela dos Lemos Araújo. Os restos mortais das famílias estão guardados em urnas fúnebres no interior da Igreja das Correntes. E sepultados estão, André de Lemos e Maria Cecília Gonçalves de Lemos, a família penedense que recebeu o imperador.

Penedo completa neste domingo 379 anos de elevação à categoria de vila. E estes dois importantes espaços privados lutam para preservar a história da cidade. Sem história, sem passado, nada seríamos. Respeite e contribua com a preservação do que é nosso. Parabéns Penedo por mais um ano de história.

SERVIÇO:

Museu do Paço Imperial
De segunda a sábado das 11hrs às 17hrs;
Domingos e feriados das 08hrs às 13hrs;
Praça 12 de Abril, Centro Histórico de Penedo;
Contato (82) 3551-2498;

Fundação Caso do Penedo e Biblioteca F.A. Sales
Rua João Pessoa, Centro Histórico de Penedo;
Contato (82) 3551- 6938;
De terça a domingo, horário comercial;