Vítimas constantes da violência, os representantes de 27 entidades que integram o Fórum Permanente do Comércio de Maceió (Foco) abriram espaço na sua reunião ordinária para apresentar sugestões ao Plano Integrado de Promoção ao Direito Humano à Segurança (Maceió Mais Segura). A consulta pública aconteceu na manhã desta terça-feira (10), no Sebrae/Alagoas.
“Apesar da necessidade imediata de soluções, dada a força que a violência atingiu, nos últimos anos, o Foco está sensível à discussão sobre a violência em Maceió e se dispõe a participar do planejamento de ações, visando o resgate da segurança na capital e no estado”, afirmou o coordenador do Fórum, Roberval Cabral.
Na avaliação do secretário municipal de Direitos Humanos, Segurança Comunitária e Cidadania, Pedro Montenegro, a iniciativa do Foco de aderir à consulta pública possibilitou a reunião de uma série de relatos sobre a repercussão da violência nos diversos segmentos representativos da entidade. “Sentimos que o setor quer ações concretas e rápidas, mas está consciente da necessidade de uma política duradoura e eficiente de prevenção à violência”, destacou Montenegro.
Despreparo
Para o presidente da Federação do Comércio de Alagoas, Wilton Malta, o despreparo policial e a ausência de pesquisas aprofundadas sobre as razões da violência são apenas dois dos inúmeros pontos que refletem na insegurança pública.
“A informação é fundamental. As ocorrências nas delegacias, por exemplo, não há banco de dados georeferenciados”, destacou o presidente da Associação das Empresas Brasileiras de Tecnologia da Informação, Jean Paul Torres.
De acordo com o presidente da Aliança Comercial dos Retalhistas, João Correia, 100 mil pessoas circulam no comércio de Maceió e há um número reduzido de policiais rondando diariamente no local. “O Estado evoluiu e o contingente de militares é menor que há outros tempos; há muito militar nos gabinetes”, ressaltou.
Para o presidente do Sindicato dos Panificadores, Alfredo Dacal, só um fórum de especialistas pode encontrar soluções; resoluções isoladas podem amenizar, mas o assunto tem que ser discutido em nível nacional. “O Brasil tem que parar para discutir a violência e a droga neste país”, enfatizou Dacal.
Assaltos frequentes
Já o empresário Valdomiro Feitosa lembrou que o setor de panificação é assaltado quase todo mês. “Deixamos de chamar a polícia. Quando ela vem, chega atrasada. Vai registrar na Delegacia e não tem material”, dasabafou.
O presidente da Associação dos Lojistas do Maceió Shopping, João Maciel, chamou a atenção para a relação entre o aumento da violência e a falta de perspectiva da população. “Tanto os nossos consumidores, quanto os nossos funcionários são jogados aos lobos, quando saem do shopping. Temos relatos de assaltos freqüentes nos pontos de ônibus. E por que tanto policial dando segurança a quem pode pagar ?, questionou.
Falando em nome da Associação dos Supermercados de Alagoas, o presidente da entidade, Raimundo Barreto , destacou que os estacionamentos de supermercados e os mercadinhos, sobretudo na periferia, são constantes alvos de assaltantes.
“Na área do nosso estabelecimento, por exemplo, contratamos segurança para a rua toda, cada um contribuindo para minimizar a situação de bandidagem, mas nem todos os donos de mercadinhos de periferia têm a condição de manter segurança própria”, ressaltou, acrescentando que a situação da periferia se agrava pela falta de empregos. “O Estado precisa de indústrias, não só de supermercados e de shoppings”, enfatizou.
Para André Santos , representante da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH), não adianta a preocupação com a violência, se não houver preocupação com geração de renda. “Além disso, temos que qualificar policiais e a própria guarda municipal. É preciso lembrar também que boa parte das empresas de segurança do Estado é administrada por policiais. Isso é grave”, pontuou.
Impunidade
Na avaliação do presidente da Federação dos CDLs de Alagoas, Egnaldo da Silva, a impunidade agrava a violência. “A polícia prende, mas com pouco tempo os bandidos estão na rua de novo; isso é um desestímulo ao trabalho profissional. É importante também o aumento do contingente policial”, sugeriu.
A impunidade é uma realidade que prevalece há muito tempo no Estado, resume Ronaldo de Moraes, representante do Sebrae. “Ambiente onde tudo é possível; faltam repressão e controle. A tendência do que está acontecendo em Maceió é acontecer também em Arapiraca. Os problemas da capital não estão desvinculados do interior. É preciso que a gente se envolva mais, que tenha um olhar ampliado para a situação”.
O presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Maceió e secretário adjunto da Secretaria da Paz, Wilson Barreto, fez questão de destacar que não há cultura da paz, sem uma atuação articulada dos diferentes segmentos públicos e privados, incluindo as áreas de saúde, educação, cultura. “Acredito que a união das duas secretarias (Semdisc e Secretaria da Paz) vai trazer muitos pontos positivos para Maceió e Alagoas”.
As consultas públicas prosseguem dias 12, às 20 horas, com moradores do Cleto Marques Luz; e dia, 13, às 19 horas, com moradores do Tabuleiro.
Contato para sugestões e agendamentos de consultas públicas: semdisc@gmail.com Endereço/Semdisc – Praça Sinimbu, Centro (ao lado do Juizado Especial Criminal).