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Negócios/Economia

Fornecedores de cana do NE destacam discurso de Renan em defesa do etanol

Renan recebeu no dia 26 de fevereiro representantes de entidades de classes do setor sucroalcooleiro do Nordeste para tratar da crise que afeta o seto

O pronunciamento do senador Renan Calheiros (PMDB-AL) em defesa de uma política sólida de longo prazo para o etanol ganhou repercussão no setor sucroalcooleiro do Nordeste. “A iniciativa do senador vai ao encontro das nossas necessidades em de todo o país, especialmente no Nordeste”, avaliou o presidente do Sindicato da Indústria do Açúcar e do Álcool nos Estados de Alagoas e Sergipe (Sindaçúcar-AL), Pedro Robério Nogueira.

No plenário do Senado, na tarde desta segunda-feira, Renan comparou a atual crise do álcool combustível no Brasil à que ocorreu na década de 80 e início dos anos 90. Os dois momentos, segundo ele, foram precedidos de períodos de euforia. “O Programa Nacional do Álcool (Pró-Álcool) foi uma resposta à crise do petróleo em 1975”, lembrou o senador.

No Nordeste, de acordo com Pedro Robério, o setor sucroalcooleiro responde por mais de 200 mil empregos diretos. Mas apesar da sua importância para a economia regional, a atividade sofre ameaças, não só por questões de mercado, como também pela forte seca que atinge a zona da mata canavieira de Alagoas e dos demais estados da região. Por essa razão, ele defende a necessidade urgente de uma atenção especial do governo para esse momento difícil por que passa a cultura da cana.

O presidente da Associação dos Plantadores de Cana-de-açúcar de Alagoas e diretor secretário da Federação Nacional dos Plantadores de Cana, Lourenço Lopes, vê na ação de Renan a grande esperança do setor sucroalcooleiro para sair da crise que enfrenta. “O senador tem sido o maior aliado do fornecedor de cana do Nordeste. Foi o Renan quem conseguiu liberar a subvenção da cana para mais de 23 mil produtores nos últimos anos”, lembrou.

A subvenção, paga a pequenos produtores de cana da região, de R$ 5 por tonelada produzida, segundo Lourenço, fez circular, somente no ano passado, mais de R$ 30 milhões na economia alagoana.

“Apesar disso, o produtor nordestino continua enfrentando dificuldades, em função da crise que atinge o setor sucroalcooleiro: o pagamento da cana é feito em função do preço de mercado do etanol. Então, na medida em que o preço melhora para a usina, vai melhorar também para o fornecedor. Essa iniciativa do senador é fundamental para manter o homem no campo. É importante que o governo ouça o senador, porque de fato precisamos de uma política que incentive a produção de etanol”, enfatiza Lopes.

Alagoas, o Estado que mais sofre

O senador Renan Calheiros, presidente do Senado, no pronunciamento em plenário enfatizou bem o impacto da falta de uma política para o etanol em Alagoas, Estado que continua dependente da agroindústria sucroalcooleira. Lembrou que em 54 dos 102 municípios alagoanos predomina os canaviais das 24 usinas de álcool, que são a base da economia estadual.

“Numa realidade como esta, é lógico que as consequências sociais da crise no setor sucroalcooleiro se abatem com muito mais brutalidade sobre a população alagoana do que em outros estados com a economia mais diversificada”, disse o senador. Lembrou ainda que, “neste momento, é preciso acrescentar a circunstância atual da seca que castiga Alagoas e todo o Nordeste, a mais longa e severa dos últimos 40 ou 50 anos”.

O senador enfatizou ainda o pioneirismo de Alagoas na construção de uma indústria de etanol de segunda geração e que as longas extensões de terras férteis brasileiras favorecem a produção de cana-de-açúcar sem derrubar florestas, além de permitir a produção de energia a partir do bagaço da cana.

Em sua defesa de uma política nesse setor, Renan citou o exemplo dos Estados Unidos, que após adotar uma política de substituição da gasolina pelo etanol, viu a produção do setor saltar de 24 bilhões, em 2007, para 52 bilhões de litros de etanol de milho em 2011, enquanto a produção no Brasil patina nos 22 bilhões de litros do etanol da cana.