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Meio Ambiente

Fernando de Noronha tem gente demais

Fernando de Noronha, a 545 quilômetros do Recife, abriga 1.556 pessoas a mais do que a capacidade. Entre moradores e visitantes, a média diária é de 4.156. O máximo que a ilha suporta, segundo estudo divulgado pelo Ministério do Meio ambiente, é 2.600.
O documento, de 300 páginas, também aponta Noronha como uma chaminé de gás carbônico, um dos gases do efeito estufa, superando a emissão per capita dos Estados Unidos, que é de 20,14 toneladas por ano. A fonte são os geradores de energia movidos a diesel.

São cinco geradores em funcionamento na Usina Tubarão, da Companhia Energética de Pernambuco (Celpe). Um tem 1.286 kW, dois 900 kW e dois de 600 kW, perfazendo um total de 4.286 kW de geração instalada. A demanda máxima é 2.200 kW. A média de geração, segundo a Celpe, é de 1.000 MWh por mês para 800 unidades consumidoras.

O estudo, encomendado pelo Instituto Chico Mendes de Biodiversidade à consultoria Elabore, com sede em Brasília, diz que se fossem adotadas fontes de energias alternativas o consumo de diesel diminuiria. O consultor Guilherme Abdala, recomenda energia eólica e solar.

Em nota à imprensa, a Celpe diz que está disponível para integrar à rede qualquer nova fonte renovável, desde que seja proposta por possíveis investidores. A turbina que existia na ilha a partir de um convênio com a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) foi atingida por um raio em março. O equipamento chegou a gerar 6% de toda a energia elétrica da ilha.

A administração do distrito estadual rebate as informações do estudo, que revela, ainda, que a ilha não dispõe de coleta seletiva (o lixo orgânico é recolhido com o reciclável).

Segundo o diretor de Infraestrutura, Gustavo Araújo, Noronha possui condições, sim, de abrigar mais de 4 mil pessoas. Sobre a matriz energética baseada em diesel, ele afirma que a administração tem encontrado dificuldades para comprar uma turbina eólica. “Não tem na prateleira para vender. A demanda mundial é grande e o mercado não dá conta.”

Para o administrador de Noronha, Romeu Baptista, os dados do estudo são desatualizados. “Se fez esse levantamento em 2005. Hoje a realidade é outra.” De acordo com o consultor Guilherme Abdala, o levantamento durou um ano e meio, em 2007 e primeiro semestre de 2008.

Outro problema levantado pelo estudo é a falta de água. A demanda seria maior que a oferta e a água tratada no dessalinizador estaria causando hipertensão nos moradores da ilha. “Isso não é verdade, temos também um açude. Hoje a oferta aumentou e supera a demanda”, garante Gustavo.