
O exemplo dado pelo Sistema Federação das Indústrias do Estado de Alagoas, que iniciou nesta terça-feira (1°) o primeiro curso de aprendizagem industrial destinado à inclusão de Pessoas com Deficiência no mercado de trabalho, vai ser um modelo para o País e para as empresas alagoanas que têm dificuldade para preencher a cota de contratações de deficientes estabelecida por lei.
Os 30 alunos demonstraram muito interesse, afinal, após dois anos de capacitação, 25 deles serão absorvidos nos quadros do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai/AL) e do Serviço Social da Indústria (Sesi/AL). Aqueles que não forem contratados pelas instituições terão, ao final do curso, uma formação que praticamente garante o aproveitamento pelo mercado de trabalho.
“Vocês [alunos] serão os maiores responsáveis para que consigamos cumprir a nossa missão: qualificá-los e inseri-los no mercado de trabalho. É preciso fazer as empresas reconhecerem o talento de vocês e essa é uma oportunidade de mostrá-lo”, afirmou Nívia Maria Carvalho de Andrade, assessora de Educação do Senai/AL e coordenadora do Programa Senai de Ações inclusivas (PSAI).
O auditor fiscal do Trabalho José Gomes da Silva participou da aula inaugural realizada no auditório do Centro de Formação Profissional Gustavo Paiva, unidade do Senai no bairro do Poço. Segundo ele, a maioria das empresas alagoanas demonstra boa vontade em cumprir a cota de contratação de Pessoas com Deficiência, obrigatória para quem possui mais de 100 empregados, mas enfrenta dificuldades na hora de encontrar gente com esse perfil qualificada para o mercado.
“Essa iniciativa abre as portas do mercado de trabalho e mostra à sociedade que a Pessoa com Deficiência não é um dependente do Estado. É preciso também conscientizar as empresas que elas podem contratar estes profissionais não somente para cumprir cotas, mas por causa da competência delas”, frisou Gomes.
Entre os alunos, a aprendiz Andréia Pinto de Cerqueira dá uma lição de vida. Aos 35 anos, ela somente conseguiu andar após ter feito 19 cirurgias. Destaque nacional em uma grande rede de TV, ela contou a sua história para milhões de brasileiros. Depois do relato, as doações para a Associação de Assistência à Criança Deficiente (AACD), onde se trata há 23 anos, aumentaram.
“O médico disse que ela fez mais sucesso do que a Xuxa”, conta a mãe, Arenice Pinto de Cerqueira, 63, mais conhecida como “Novinha”. Mesmo com os problemas de saúde, Andréia Pinto trabalhou três anos, como voluntária, na Associação dos Deficientes Físicos de Alagoas (Adefal). Muito feliz, ela não precisa provar nada a ninguém, e agora corre para realizar um sonho. “A sociedade desclassifica as pessoas com deficiência, mas eu quero é trabalhar”, afirma.