A verdadeira grande família
Uma família grande. Um coração maior ainda. Duas frases, entre tantas que poderiam definir a família de Celina e Cláudio Haddad, um feliz casal amado e respeitado por 28 filhos: três biológicos e 25 de coração, todos registrados e considerados legítimos perante a Justiça e perante os olhos de pai e de mãe. Foi esta família que recebeu do Instituto do Meio Ambiente (IMA) parte dos mais de mil quilos de alimentos não perecíveis arrecadados na inscrição para o Passeio Ciclístico, que aconteceu em comemoração ao Dia Mundial do Meio Ambiente.
Arroz, feijão, fubá. Uma contribuição pequena diante do trabalho gigantesco feito, ao longo dos anos, por Celina e Cláudio Haddad. “Sempre procuramos instituições que trabalhem com crianças para doar os alimentos arrecadados no Passeio Ciclístico. Pela primeira vez, elegemos uma família para receber a doação. Mas estas pessoas nos passam uma lição de vida e de humanidade pouco comuns. Ajudá-los com 700 quilos de alimentos é apenas um gesto minúsculo diante do trabalho que eles realizam de educação e amor com estes filhos”, explicou o diretor-presidente do IMA, Adriano Augusto de Araújo Jorge.
De fato, quem chega à casa dos Haddad, quase na divisa com o município de Rio Largo, não imagina o tamanho do amor e luta cotidiana que une aquela família e uma legião de bons amigos. Dos 25 filhos adotados, com idades entre 5 e 19 anos, alguns têm necessidades especiais, o que torna a lida muito mais delicada.
“Não é fácil. Mas recebemos apoio de alguns amigos, que nos suprem com assistência médica, ajudam com a escola das crianças e até com doações de roupa e comida”, contou Celina. “A ajuda do IMA vem em boa hora. Porque sempre é hora boa de ajudar e de receber ajuda. Sobretudo numa família com tamanho e necessidades extragrandes como a nossa”, completou em tom de brincadeira.
Hoje, além da ajuda dos amigos, Celina e Cláudio, ambos com 63 anos, mantêm os custos da família com os lucros obtidos por uma fábrica de biscoitos artesanais para aumentar a receita e ajudar a pagar as contas. “Não é muito, mas todos se ajudam para a coisa funcionar. Se não for assim, não conseguimos vencer os desafios e nos manter”, disse Cláudio.
Sem interferência da cegonha
A família foi crescendo aos poucos. Quando o primeiro filho adotado chegou, Celina e Cláudio já eram pais de três filhos biológicos, o mais novo com 12 anos. “A partir daí não paramos mais. Nunca planejamos ter tantos filhos, mas todos chegaram e foram acolhidos com amor”, disse Celina, contando que em alguns casos a própria Justiça chegou a procurar o casal e sugerir que eles adotassem algumas crianças.
“Mudamos nossa vida completamente”, contou Cláudio, que por causa dos filhos resolveu antecipar a aposentadoria de engenheiro eletricista da antiga Salgema. “Não fazia sentido a gente adotar as crianças e elas não terem um pai presente. Eu vivia preso a plantões”, contou. O próximo passo, contou Cláudio, foi procurar uma casa que suprisse as necessidades da nova família. “Chegou o dia em que eu cheguei em casa e tinha 14 berços na sala. Vi que precisávamos mudar”, contou.
Hoje, a família Haddad vive numa chácara batizada de Paraíso da Meninada, onde os 25 filhos de coração dividem muito espaço e muito amor.
Bebedouro
Além da família Haddad, o Instituto Cultural de Assistência à Criança Carente também recebeu do IMA cerca de 600 quilos de alimentos não perecíveis. A entidade filantrópica, mantida por Valquíria Alves, tem a missão de acolher, educar e alimentar cerca de 90 crianças carentes de Bebedouro e outros bairros adjacentes.