Grande parte dos setores da economia foi amplamente afetado pela pandemia da Covid-19. Entretanto, o mercado de móveis seguiu o caminho contrário e viu suas vendas aumentarem consideravelmente durante este período difícil. No comércio eletrônico, o segmento foi o que teve o segundo maior crescimento no período, com 94% de alta.
A explicação é bem simples: o grande tempo gasto em casa com o isolamento social, mais as necessidades geradas pelo home-office, provocaram uma enorme demanda por móveis novos. Além dos móveis “funcionais”, como a escrivaninha e a cadeira, também se destacaram aqueles que auxiliam no cotidiano, como o guarda-roupas, que pode variar muito de preço dependendo da madeira, e as prateleiras, que permitem maior capacidade de estoque.
Mas, enquanto as vendas aumentavam, a produção de matéria-prima estava praticamente paralisada, também por conta da pandemia. Isso provocou um movimento de alta no preço dos insumos para a produção moveleira, que refletiu rapidamente nos preços pagos pelos consumidores. Junto a isso, a diminuição dos estoques também colaborou para o aumento nos preços.
Percebendo que haveria uma espécie de crise nas matérias primas, muitos produtores de móveis se prepararam e estocaram insumos. Com isso, aqueles que foram desprevenidos sofreram com a falta dos materiais e com os preços altos.
Um levantamento realizado pela Móveis de Valor mostrou em números os impactos da pandemia no preço dos materiais para fabricação moveleira. O painel de madeira subiu 14%, o preço médio do papelão subiu 12%, as ferragens e tintas estão 10% mais caras e os espelhos foram os que mais inflacionaram, com preço médio 20% mais alto do que antes da crise.
Outra consequência da falta de materiais é uma alta no tempo de produção e entrega ao consumidor. Em alguns casos, o prazo chega a ser até três vezes maior do que antes da pandemia. No entanto, a demora não está afastando os clientes. Há fábricas que registraram crescimento de 200% na fabricação para suprir as demandas de consumo.
Mas, nem todos aceitaram lidar com os movimentos de alta nos preços e a demora na entrega. Por isso, aumentou a procura pelos serviços de marcenaria. Fugindo das grandes lojas da indústria moveleira, a contratação de um profissional autônomo permite aos consumidores uma maior personalização dos móveis, podendo ser encomendados sob medida. Além disso, os prazos também são menores, já que a produção se dá em uma escala reduzida.
Além dos marceneiros, outro profissional que se deu bem com essa tendência pandêmica: o montador de móveis. De acordo com o relatório de uma plataforma que reúne autônomos de todas as áreas, o serviço de montagem mobiliária foi o sexto mais procurado em algumas cidades. No Rio de Janeiro, por exemplo, as solicitações por este tipo de serviço cresceram 24%.
