Representantes da comunidade universitária, da comunidade albina e autoridades federais estiveram reunidos no auditório da Faculdade de Medicina (Famed), da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) para o lançamento do projeto Direito à saúde da pessoa albina: perfil e diagnóstico de saúde e a busca por ações de ruptura das iniquidades em municípios alagoanos. O secretário Nacional de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, Paulo Roberto, veio para o lançamento das ações do projeto.
A solenidade foi conduzida pela diretora Alessandra Leite. Foram liberados R$ 1,2 milhão para o projeto de Saúde com a população albina, coordenado pela professora Priscila Nunes, e mais R$ 300 mil para o Censo das Ações Afirmativas da Ufal, projeto que será dirigido pelo professor Danilo Marques, coordenador geral do Núcleo de Estudos Afro-brasileiros e Indígenas (Neabi-Ufal). “As demandas são muitas, mas vamos dar as respostas científicas e sociais que a população albina precisa”, destacou Priscila Nunes.
Durante o lançamento, foi feita uma homenagem ao professor Jorge Riscado, que faleceu em outubro do ano passado. Foi ele que iniciou o contato com as comunidades de quilombolas albinos de Alagoas, do Quilombo Filús, em Santana do Mundaú. “Jorge era uma pessoa acolhedora e generosa. Ele ensinou que o nosso conhecimento técnico deve levar conforto e bem-estar para as pessoas. Esse é o legado dele”, declarou Edna Bezerra, docente do eixo de Aproximação da Prática Médica e Comunidade.
A vice-reitora Eliane Cavalcanti também destacou a grande contribuição de Jorge Riscado para colocar na pauta a situação da saúde da população albina do interior de Alagoas. “Jorge soube colocar a sua sensibilidade para enfrentar os tabus e preconceitos que cercam as pessoas albinas. Ele sabia evocar essa dignidade dos filhos de Ogum, que no sincretismo religioso é associado com São Jorge. Eu sempre dizia que ele era um autêntico Jorge”, recordou a vice-reitora.
Paulo Roberto recordou que esteve com Jorge Riscado no Quilombo Filús, no início de 2021, pouco depois de assumir a Secretaria Nacional de Políticas de Promoção da Igualdade Racial. “A causa que ele defendia com tanto entusiasmo, também entrou no nosso coração. Nós trabalhamos para que as diferenças não sejam vistas como desigualdades. O dia 13 de junho foi instituído como Dia Mundial de Consciencialização do Albinismo para que sejam eliminadas todas as formas de violência e preconceito sofridas por essa população”, ressaltou o secretário nacional.
Estavam também presentes na solenidade, a deputada federal Tereza Nelma, os pró-reitores Jarman Aderico (Proginst) e Cezar Nonato (Proex); e o gerente administrativo do Hospital Universitário, Anderson Dantas. A comunidade albina de Alagoas foi representada por Maria Verônica e José Passos, presidente da Associação dos Albinos de Alagoas (Albinal). O albinismo é um distúrbio genético caracterizado pela ausência total ou parcial da melanina. Por isso, essas pessoas precisam de proteção diária para a pele e olhos. “A parceria com a Universidade é fundamental para garantirmos nossa saúde”, destacou Passos.