A redução definitiva do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para móveis e painéis de madeira, que deverá ser publicada no Diário Oficial da União até quarta-feira (31), trouxe alívio para os fabricantes. Após registrar queda de quase 10% na produção de móveis populares em 2009 devido à crise internacional, empresários avaliam que a medida contribuirá para a recuperação do setor.
Há mais de dez anos, a alíquota do IPI estava fixada em 5% para móveis de madeira em geral. A mesma alíquota foi definida para móveis de cozinha em metal, há cerca de três anos. No caso de estofados, demais móveis em metal, chapas de madeira, MDF e MDP, os fabricantes arcavam com alíquota de 10% de IPI. Com a medida anunciada, o imposto será igual para todos os produtos do setor moveleiro e de painéis.
“Foi excelente para o setor. Era um antigo pleito nosso”, afirma José Luiz Diaz Fernandez, presidente da Associação Brasileira das Indústrias do Mobiliário (Abimóvel). De acordo com entidade, 35% da cadeia produtiva de madeira e móveis são empresas produtoras de estofados. “O segmento de estofados possui alta empregabilidade, pois a mecanização no processo de produção é muito baixa. O trabalho é praticamente manual e emprega muita gente”, ressalta Fernandez.
A redução da alíquota foi tema de várias reuniões entre empresários e o Ministério da Fazenda, das quais participaram a Abimóvel, a Abipa (Associação Brasileira da Indústria de Painéis) e o Instituto de Desenvolvimento do Varejo (IDV). Este último foi responsável por estudo sobre o comportamento dos preços do setor, informa o presidente da Abimóvel. O novo preço das chapas de madeira, MDF e MDP – matérias-primas do setor moveleiro – vai gerar redução do custo final dos produtos no varejo.
A notícia da redução do imposto foi comemorada por empresários de Arapongas, no norte do Paraná. A região abriga um arranjo produtivo local (APL) com mais de 200 fábricas de móveis seriados em madeira e estofado, item que representa entre 15% a 20% da produção do pólo moveleiro paranaense. Doze mil empregos diretos são gerados pela cadeia produtiva de madeira e móveis na região.
“Atinge sensivelmente toda a cadeia moveleira, porque aqui a grande maioria dos móveis é feita de painéis e MDF e MDP, que estão sendo beneficiados”, explica Júlio César Santos Rodrigues, gestor de projeto do Sebrae que apóia o polo paranaense. “Espero que o IPI dos componentes de móveis acompanhe essa tendência”, afirma Antônio Donizete de Souza Silva, diretor da Facino Estofados. A expectativa de Donizete tem motivo. A alíquota de IPI para componentes como o parafuso, é de 12%, e para grampo, 10%.
“Como somos uma microempresa e optante do Simples, a medida do governo não teve impacto direto”. O IPI fica embutido no imposto único, pago pelos optantes do Simples. “Mas tudo que se faz em benefício do setor acaba surtindo efeito para os pequenos também”, observa o empresário moveleiro de Arapongas.
Santa Catarina – “Agora, ficou mais justo. O imposto ficou nivelado para móveis e estofados”, diz Nivaldo Lazaron Júnior, diretor da Enele Estofados, de Chapecó (SC). Ele é membro da Associação dos Moveleiros da Região Oeste de Santa Catarina e do Arranjo Produtivo Local (APL) de Móveis do Oeste Catarinense.
“Os quatro meses de IPI-zero foram muito bons. O mercado interno está atropelando o mercado externo. Não fizemos as contas, mas vamos vender mais este ano, com certeza. Com essa medida do governo, nossos produtos vão chegar na ponta mais baratos do que 5%. E tudo que é mais barato, vende melhor”, enfatiza.
Minas – No Arranjo Produtivo Local de Móveis de Ubá (MG), existem cerca de 300 fábricas de pequeno, médio e grande portes, geradoras de 30 mil empregos diretos e indiretos. A notícia da redução do imposto foi recebida com entusiasmo relativo. “Aqui uma pequena parcela será beneficiada. Apenas 10% das empresas fabricam estofados”, justifica Michel Henrique Pires, presidente do Sindicato das Indústrias de Móveis de Ubá e Região.
Michel elogia o período de quase quatro meses de IPI-zero, benefício concedido pelo governo federal para incentivar as vendas no setor durante a crise financeira – a desoneração acaba no dia 31 de março de 2010.
“Foi muito benéfico para a cadeia. Conseguimos recuperar parte do faturamento e produtividade, que vinham caindo nos anos anteriores. Vendemos entre 15% a 20% a mais do que o primeiro trimestre do ano passado. “Tendo um início de ano como este, o resto só pode ser melhor”, acrescenta. Ele afirma ainda que trabalhadores temporários foram contratados na mesma proporção do crescimento das vendas.
