O bagaço que sobra da cana-de-açúcar, nas usinas, pode ter mais utilidade do que parece. Depois de ser desidratado e prensado, ele ganha um potencial calorífico bastante parecido com o de materiais como o carvão mineral e a madeira, com a vantagem de não agredir o meio-ambiente. Chamado de “briquete”, essa forma alternativa de energia é a aposta da Renove S.A. para estimular a produção de biomassa em Alagoas, trazendo para o estado a cultura do desenvolvimento sustentável no setor energético.
A Renove é uma das três novas indústrias que o Governo, através da Secretaria de Estado do Planejamento e do Desenvolvimento Econômico (Seplande), atraiu com incentivos ficais, creditícios e locacionais através do Programa de Desenvolvimento Integrado do Estado de Alagoas (Prodesim).
“Trata-se de mais uma iniciativa vitoriosa do Governo de Teotonio Vilela Filho na área do desenvolvimento econômico. Mais uma fábrica que abre gerando mais ocupação, emprego e renda para os alagoanos”, destaca o secretário do Planejamento e do Desenvolvimento Econômico, Luiz Otavio Gomes.
A Renove será inaugurada em abril, em Rio Largo, com capacidade produtiva inicial de 3 mil toneladas de briquete por mês. “Nossa proposta é aumentar essa capacidade futuramente, dependendo da demanda de mercado e, principalmente, de matéria-prima”, explica o presidente da fábrica, Felipe Calheiros. “Mas neste primeiro momento, já temos condições de atender à demanda do mercado local”, completa.
Felipe explica ainda que o briquete pode ser utilizado tanto por outras indústrias, como por comerciantes. “Qualquer processo de produção que dependa do vapor pode se aproveitar dessa forma alternativa de energia, pois o briquete tem tanto ou mais poder calorífico que a madeira e o óleo diesel – mais comuns de encontrar na indústria – e não agride o meio-ambiente. Ele pode ser aproveitado por fábricas de refrigerantes, pizzarias, padarias, e uma série de outros estabelecimentos. Até na churrasqueira, em casa, é possível fazer essa substituição”, destaca.
Mas nem só da cana-de-açúcar se faz briquete. O presidente da Renove conta que ele também pode ser fruto da reutilização de cascas de arroz, côco, milho e café. “Na verdade, todo tipo de resíduo agroindustrial pode ser transformado em briquete, até o que sobra da poda das árvores, e esse é o grande ganho que nós queremos trazer para o Estado: a limpeza urbana, aliada ao desenvolvimento sustentável. A partir do momento em que você consegue tirar os resíduos agroindustriais das ruas, e transformá-los em energia limpa, que não agride a natureza, está promovendo qualidade de vida, e isso é fundamental para o crescimento de qualquer sociedade”, completa.
NOVAS CULTURAS – Quando começar a operar, a Renove vai trabalhar, inicialmente, apenas com côco e cana-de-açúcar. Para garantir a produção das 3 mil toneladas de briquete, a fábrica está preparando um estoque de 60 mil toneladas de resíduos, que serão processados em quatro máquinas, importadas de Santa Catarina (RS).
Segundo Felipe Calheiros, a Renove pretende incluir na cultura produtiva do Estado o bambu e o capim-elefante, que também constituem potenciais fontes de energia alternativa, e oferecem mais vantagens aos produtores e ao meio-ambiente. “Eles têm grande poder calorífico, e são culturas que não necessitam da renovação do solo, como a cana-de-açúcar. Além disso, o bambu possui mais de 100 espécies diferentes, e cada uma pode ser aproveitada dependendo das condições geográficas do local a ser plantado. É uma ótima alternativa, por exemplo, às regiões de Alagoas aonde a topografia não permite a cultura da cana”, avalia Calheiros.
O presidente da Renove conta, ainda, que a proposta da empresa, para o futuro, é cultivar sua própria fonte de matéria-prima, e expandir a produção da fábrica para o carvão vegetal. “O Brasil é um país predominantemente agrícola, que por falta de iniciativa, descarta toneladas de resíduos todos os dias. Em Alagoas não é diferente; o estado tem muito potencial para se tornar grande produtor de biomassa, de energia sustentável. Algumas usinas já vinham fazendo briquete a seu modo, mas agora, nossa proposta é chamar a atenção para uma produção de nível industrial”, conclui.
RESPONSABILIDADE SOCIAL – Dentro dessa política de promoção do desenvolvimento sustentável, a Renove também vai trabalhar na esfera social. Desde que a fábrica começou a ser construída, em março do ano passado, ela gerou 35 empregos diretos, e mais de 100 indiretos. “A maior parte dos trabalhadores são da comunidade vizinha ao nosso terreno. São pessoas que não possuíam outra fonte de renda, e que viviam em uma situação de pobreza sem perspectiva de mudança. Agora, com a inauguração e o funcionamento, de fato, da fábrica, elas terão uma nova realidade pela frente”, destaca Felipe Calheiros.
A Renove será inaugurada em abril, em Rio Largo. Junto com a unidade nordeste da Krona Tubos e Conexões, que abre suas portas no mesmo período em Marechal Deodoro, ela representará uma injeção de R$ 3 milhões na economia do Estado.