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Cultura

Exposição mostra história da tuberculose no Brasil

A exposição contará com ilustração do músico Noel Rosa, que morreu, ainda jovem, vítima de tuberculose

Quem lembra de Noel Rosa sabe que ele foi um boêmio e músico de grande talento, mas não se recorda que ainda jovem faleceu vítima de tuberculose. Doença que vitimou diversas pessoas, entre escritores, músicos e poetas da história brasileira e mundial.

Em alusão ao Dia Mundial de Luta contra a Tuberculose, 24 de Março, a Secretaria de Estado da Saúde (Sesau), em parceria com a Casa Oswaldo Cruz e o Centro de Referência professor Hélio Fraga/ ENSP/ Fiocruz, do Rio de Janeiro, traz a exposição itinerante que retrata a história da doença no Brasil desde o final do século XIX até a década de 90 do século XX.

A abertura oficial da exposição será realizada na terça-feira (23), no Memorial à República (Av. da Paz, Jaraguá), a partir das 10h. À tarde, a mostra será aberta ao público com entrada franca e permanece até domingo (28). Na ocasião, os participantes irão receber um a cartilha com orientações sobre a doença e o tratamento.

De acordo com Irlam Costa, do Centro de Referência professor Hélio Fraga/ ENSP/ Fiocruz, a exposição é formada por 31 painéis de lonas ilustrativas com textos sobre a tuberculose e inclusive com fotos de pessoas ilustres como escritores, poetas, boêmios e músicos, a exemplo do escritor Euclides da Cunha, que foi acometido pela doença que o levou a óbito. A mostra foi inaugurada no Museu Histórico Nacional em setembro de 1993.

“A exposição já percorreu diversos estados brasileiros e sempre é um sucesso; em Alagoas não será diferente”, destacou, ressaltando que o objetivo da mostra não é só informar os profissionais de saúde, mas também a população em geral, principalmente os estudantes.

Segundo a coordenadora do Programa Estadual de Controle da Tuberculose, Tânia Queiroz, organizadora da exposição em Alagoas, paralelo a exposição também serão realizadas mini-conferências destinadas aos agentes comunitários de saúde sobre a atualização da tuberculose. “Estamos trazendo esta exposição para alertar a população sobre a tuberculose, porque é uma doença que, tratada de forma adequada, tem cura, mas que pode levar à morte”, alertou.

Tânia Queiroz ressaltou que a tuberculose é um problema sério de saúde pública, com profundas raízes sociais, estando associada às más condições de vida da população, com muitos dos casos identificados entre os mais pobres, populações de rua e carcerária, tendo sua situação agravada com o advento da Aids.

Dados – O Brasil o ocupa a 16ª colocação entre os 22 países que concentram 80% dos casos de tuberculose no mundo, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS). No País, estima-se que ocorram 96 mil casos por ano, dos quais são notificados cerca de 91 mil. Quase 5 mil pessoas morrem de tuberculose anualmente; é a quarta causa de morte por doenças infecciosas e a primeira em pacientes com Aids. A maioria dos doentes está nas capitais e regiões metropolitanas dos grandes municípios.

Em Alagoas, no ano passado, foram notificados 1.168 casos novos da doença. O percentual de cura foi 75% dos casos novos, que encerram o tratamento. A cura preconizada pelo Ministério da Saúde é de no mínimo 85%.

“Apesar do trabalho efetivo da Sesau em parceria com os municípios, o abandono do tratamento ainda é alto, correspondendo a 9%, sendo o aceitável pela OMS abaixo de 5%”, afirmou Tânia Queiroz.

Doença – A tuberculose é uma doença grave, transmitida pelo ar, que pode atingir todos os órgãos do corpo, em especial os pulmões. O microorganismo causador da doença é o bacilo de Koch, cientificamente chamado Mycobacterium tuberculosis. Desde o surgimento da pandemia de HIV (Aids) na década de 80 que a infecção por tuberculose voltou a ser uma grande preocupação.

O quadro típico de tuberculose pulmonar é de febre com suores e calafrios noturnos, dor no peito, tosse com expectoração, por vezes com raias de sangue, perda de apetite, prostração e emagrecimento. O diagnóstico laboratorial é realizado através da baciloscopia e cultura (escarro).

O tratamento é realizado em unidades básicas de saúde e tem duração de seis meses. As unidades de referência para a doença são o Hospital Universitário, Hospital Escola Hélvio Auto, II Centro de Saúde e a Unidade Especializada do Agreste, em Arapiraca.