Há oito dias sem fumar, Maria da Conceição dos Santos fala com orgulho do maior sonho que tinha na vida: o de largar o vício do cigarro. Depois de anos como fumante, ela tornou-se uma das dezenas de pessoas que conseguiram abandonar o vício com a ajuda do trabalho do Núcleo de Cessação do Tabagismo do II Centro de Saúde, na Praça da Maravilha.
Inaugurado há um ano, o núcleo completou um ano de funcionamento na última terça-feira (11), com a presença de dezenas de fumantes e ex-fumantes. Atualmente, 243 usuários estão em tratamento na unidade, 96 já pararam de fumar e 131 estão em manutenção, ou seja, na fase final do tratamento contra o tabagismo. Dos que começaram o tratamento, 129 usuários desistiram.
Na comemoração, muitos fizeram questão de contar um pouco de suas histórias. Maria da Conceição, diarista, 58 anos, conta que começou a fumar aos 5 anos de idade, quando morava no interior. “Fazia fumo de corda e baforava”, lembra. Com 8 anos, trabalhando em casa de família, diz que a patroa jogou fora o fumo dela por ter achado absurdo uma menina fumando. “Eu me tranquei e chorei. Era como se ela tivesse arrancado o brinquedo que eu mais gostava na vida”. Hoje, após oito dias sem fumar, Conceição diz que sente uma grande alegria em ter desistido do vício. “Hoje o perfume dura na pele, eu sinto vontade de me alimentar e tenho fôlego”, pontua.
Fumante por 35 anos, o eletricista e encanador José Correia de Morais conta que está livre do cigarro há dez meses. Aos 58 anos, ele diz que vencer o vício foi “a maior conquista de toda a sua vida”. Morais relembra que sempre andava de moto, até que um dia, ela quebrou e ele precisou atender um cliente a pé. “Para chegar lá tinha de subir ladeira. Acostumado a ir de de moto, achei que era moleza, mas quando fui a pé, eu quase morro. Parei três vezes até conseguir chegar lá em cima. Foi nesse dia que eu decidi parar com essa praga (cigarro)”, conta.
A sacoleira Florismar Alexandre, 41 anos, está há um mês sem fumar. Ela usa o adesivo e toma o medicamento prescrito pelo médico que assiste as pessoas do núcleo. “Passei trinta anos da minha vida fumando. Se eu soubesse como era bom largar, eu tinha feito isso há muito mais tempo. Ficou tudo melhor, inclusive namorar”, comemora.
Após a criação do Núcleo, diversos usuários largaram o vício do cigarro por completo e outros ainda passam por tratamento e manutenção. O acompanhamento de uma equipe multiprofissional, composta por educadores físicos, médicos, psicólogos, assistentes sociais, fisioterapeutas e enfermeiros tem sido essencial nesse processo em que são trabalhados os aspectos físicos e psicológicos da dependência do cigarro.
Na comemoração de aniversário do Núcleo, os convidados participaram de um aulão com o professor de educação física Oberlan Almeida, comeram bolo e tomaram refrigerante. A partir da próxima semana, todas as segundas e quartas-feiras, o professor vai realizar caminhada de 40 minutos com cada grupo na Praça da Maravilha. A primeira turma, das 14h às 14h40 e a segunda, de 15h às 15h40.
O Núcleo convoca novas turmas assim que termina o tratamento, que dura três meses. A média de fumantes por sala varia de 20 a 25 pessoas. Cada turma fica sob o comando das profissionais que integram a equipe, composta por psicóloga, assistente social, enfermeira e nutricionista