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Alagoas

Ex-coronel Cavalcante conta detalhes da morte do cabo Gonçalves

Marcos Cavalcante, irmão do ex-coronel, também está sendo julgado

Teve início na manhã desta terça-feira, 25 de outubro, o julgamento do ex-tenente-coronel Manoel Cavalcante. Desta vez, o ex-militar está sendo acusado de ter participado da execução do cabo Gonçalves, crime registrado no ano de 1996 em um posto de combustíveis localizado às margens da Via Expressa, em Maceió.

O acusado voltou a negar que tenha participado do crime e fez declarações polêmicas sobre a vítima. Manoel Cavalcante chegou a dizer que o policial não era nenhum anjo e que tinha conhecimento de crimes praticados por ele no interior do estado de Alagoas.

Durante seu depoimento, Cavalcante confirmou que sabia que a vítima seria assassinada. Segundo ele, uma reunião foi realizada para tratar de todos os detalhes de como deveria ser feita a execução. Alegando que não tinha outra saída a não ser se calar, o acusado apontado como líder da gangue fardada no estado, contou que apesar de saber de como tudo aconteceria não foi ao local do crime e só soube que a operação tinha sido exitosa por terceiros.

Um momento que chamou a atenção do público que acompanha o julgamento do ex-coronel Cavalcante no Forum do Barro Duro em Maceió, foi quando o acusado demonstrou está arrependido pelos crimes que cometeu. Cavalcante declarou ainda que não teve coragem de direcionar o fato às autoridades competentes porque muita gente poderosa, a exemplo do presidente da Assembleia Legislativa de Alagoas da época, estava envolvido.

O ex-militar voltou a acusar parlamentares alagoanos pelo crime. Narrando com veemência todos os detalhes do crime, Cavalcante contou que dias antes do crime foi procurado pelo deputado estadual João Beltrão para participar de uma reunião na fazenda do deputado Antônio Albuquerque, em Limoeiro de Anadia. Chegando lá, contou o acusado, o então deputado Francisco Tenório já os aguardava para juntos tramarem a morte do cabo Gonçalves.

Segundo Cavalcante, outra reunião foi realizada no dia do crime, desta vez na casa do tenente Silva Filho, no bairro do Farol, na capital alagoana. Lá, os deputados, o ex-coronel Cavalcante e seu irmão Marcos Cavalcante ficaram esperando o telefone do hoje ex-deputado Francisco Tenório, que ficou responsável por descobrir a que horas a vítima abasteceria seu veículo no posto de combustíveis Veloz, com um vale que o próprio parlamentar tinha dado.

Após chegar a informação, Cavalcante contou que ficou distante da cena do crime por que no momento estava vestido com a farda da Polícia Militar de Alagoas. Ainda em seu depoimento, o acusado contou que após o crime uma grande festa foi realizada na casa do tenente Silva Filho em comemoração a morte do cabo Gonçalves.

Após 14 anos preso, Manoel Cavalcante chegou a ser solto no dia 30 de agosto por ter sido beneficiado com a progressão de regime. No entanto, 14 dias depois voltou a ser preso para responder por outros crimes.

Os deputados João Beltrão e Antônio Albuquerque chegaram a ser presos por determinação da 17ª Vara Criminal. Os parlamentares negam participação no crime e por terem sido eleitos pelo povo hoje ocupam cadeiras na Assembleia Legislativa de Alagoas. Já Francisco Tenório foi preso no início deste ano, e sem deter a imunidade parlamentar, encontra-se recolhido na Casa de Custódia de Maceió.

Marcos Cavalcante, irmão do ex-coronel, também está sendo julgado.