O atirador do Tiro de Guerra de Penedo que usou anabolizante revelou que quase perdeu a vida por causa da “bomba” aplicada em seu braço esquerdo. Fora de combate por seis meses, período estimado para a completa recuperação da musculatura afetada pela injeção e o procedimento cirúrgico, o soldado recebeu, com exclusividade, a reportagem do portal Aqui Acontece.
Sob a condição de não ser fotografado e nem ter a identidade divulgada, W.S. mostrou-se arrependido por usar anabolizante sem orientação especializada. “Eu soube através de amigos que tinha essa pessoa que fazia a injeção, eu pedi para aplicar só dois ml de Deck (tipo de anabolizante), mas ele queria botar sete e acabou colocando cinco ml praticamente em cima da junta entre o braço e o ombro”, contou o jovem que é natural de Aracaju-SE e reside em Penedo há três anos.
A dose mal aplicada e que faria diferença em sua forma física num prazo de 15 dias causou efeito imediato inesperado e ainda sequelas piores. O local da injeção inflamou, deixando o soldado sem condições mobilidade no membro, situação que o impedia de comparecer ao TG. Por conta da ausência não justificada, o chefe de instrução da unidade do Exército sediada em Penedo, Tenente Aldori Junker, convocou W.S. a retornar ao serviço, ordem atendida há 15 dias.
Ao se reapresentar e revelar o motivo das faltas, o atirador ganhou de um colega de farda um aperto no local afetado pela “bomba”. A dor no braço o levou ao chão e para a Unidade de Emergência Antônio de Jesus, o pronto-socorro de Penedo. Medicado, o militar recebeu alta, mas ao chegar em casa já sentia novamente dores. Ele retorna para a UE de Penedo no dia seguinte, mas seu estado de saúde piora. “Meu braço parecia que estava solto, eu não conseguia mais nem dormir”, declarou W.S.
Acompanhando o caso de perto, o Tenente Junker recebeu autorização do comando para remover o paciente. “Como ele tem parentes em Aracaju, nós o levamos para o Hospital João Alves Filho”, informou o chefe de instrução do TG de Penedo. No pronto-socorro da capital sergipana, W.S. soube pelo médico que a infecção havia progredido. “Na hora eu me desesperei, ele me disse que eu ia morrer se passasse mais dois ou três dias naquela situação”, frisou o atirador.
Apesar da anestesia local, o procedimento para a retirada da secreção foi dolorido. “Meu braço parecia uma pedra, estava duro, eu senti quando a injeção passou, aí começou a retirada do líquido. O mau cheiro era tão forte que eu só pensava que estava tudo podre”, relembrou o soldado que é missionário de uma igreja evangélica. Confira relato do Tenente Junker sobre a pequena cirurgia e o alerta do oficial no link notícias relacionadas.
No Sábado de Aleluia, W.S. recebeu alta médica e voltou para Penedo.”O que eu posso dizer é que não usem anabolizantes, eu não escapei apenas de perder um braço, mas a minha própria vida. Até novembro não posso fazer esforço e agora não posso sair de casa, tenho que tomar medicamentos para ajudar a recuperar os músculos do braço, são remédios que custam caro. Não vale a pena fazer isso, tudo que vem rápido também vai embora rápido”, declarou o jovem de 22 anos que alistou-se tardiamente no serviço militar, carreira que pretende seguir.
Pai de uma menina de 8 meses, W.S. agradeceu a assistência do Tenente Junker. “Ele foi um amigo”, afirmou o soldado que recebeu colegas de farda em sua casa durante a realização da reportagem. Um dos amigos frequenta academia de ginástica em Penedo e disse que um aluno “pocou” a musculatura do braço por causa de “bomba”. “Ele usa Potenay”, completou, citando o anabolizante de uso veterinário. Apesar dos alertas, o uso de anabolizantes continua em alta, moda que pode causar deformações, sequelas irreversíveis e até a morte.