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Meio Ambiente

EUA dão mais um passo a favor do meio ambiente

Poucas vezes a nomeação de um secretário representou uma mudança tão grande. Steven Chu, o novo secretário de Energia dos Estados Unidos, é quase o oposto de Samuel Bodman, seu antecessor. Bodman era um engenheiro químico que entendia pouco de questões energéticas quando foi nomeado pelo então presidente, George W. Bush, em 2004. Ele fez carreira na Cabot Corporation, uma indústria química que, sob sua direção, foi apontada como uma das maiores poluidoras do país, com 60.000 toneladas de emissões tóxicas por ano em suas refinarias. E dava pouca atenção ao aquecimento global. Chu é um físico americano descendente de chineses e foi um dos três ganhadores do Prêmio Nobel de Física, em 1997, por seus estudos sobre átomos. Era professor da Universidade Berkeley, na Califórnia. Costumava ir ao trabalho de bicicleta. Defensor de fontes alternativas de energia, cunhou uma frase que simboliza as novas prioridades do presidente Barack Obama em sua área: “O carvão é meu maior pesadelo”.

A eleição de um presidente comprometido com a luta contra as mudanças climáticas culmina em um processo de conscientização dos americanos, que começou há alguns anos em boa parte das empresas e dos governos estaduais. Em 2008, os Estados Unidos duplicaram sua capacidade de geração de energia eólica para 25,1 gigawatts. Obama pretende acelerar essa tendência. Disse que vai investir US$ 150 bilhões em novas energias. Para superar a dependência do petróleo, ele anunciou que, até 2030, 37% dos veículos do país usarão biocombustíveis.

Mesmo numa época de crise financeira, os investimentos de capital de risco em tecnologias limpas nos Estados Unidos atingiram no ano passado o recorde histórico de US$ 8,4 bilhões. É um número oito vezes maior que o de 2002. Cerca de 68% disso foi para empresas americanas. “Pode ser efeito do pacote de estímulo oficial ou do retorno dos bancos, mas há evidências de apetite crescente por projetos de pequena a média escala”, diz Tuck Twitmyer, da empresa de investimentos EnerTech Capital.

A revolução energética deve começar pelo fim da dependência do petróleo como combustível dos veículos. O transporte é responsável por 13,1% das emissões de gases que provocam o aquecimento global. Isso ocorre porque, tirando o etanol brasileiro, o 1 bilhão de automóveis que rodam no mundo queima derivados de petróleo: diesel e gasolina. Novos estudos mostram que estamos perto de reduzir essa dependência. “Nossa estimativa é que os biocombustíveis possam ajudar a reduzir o uso do petróleo no transporte em até 30% em todo o mundo”, afirma Christopher Sommerville, um dos maiores especialistas mundiais em biocombustíveis e diretor do Departamento de Plantas e Microbiologia da Universidade Berkeley. “Isso sem causar problemas ambientais ou piorar a insegurança alimentar.”