Passados 100 dias do incêndio que destruiu, no dia 2 de setembro, o Museu Nacional, na Quinta da Boa Vista, na zona norte do Rio de Janeiro, a primeira parte das obras emergenciais no prédio histórico chegou a 51%. Segundo o diretor do museu, Alexandre Kelner, já foram recuperadas dos escombros 1.500 peças e conjuntos, mesmo antes da etapa de salvamento ter sido iniciada.
“Estamos na fase de escoramento do prédio, de proteger o prédio para podermos entrar e fazer o salvamento. O que nós fizemos foi onde a empresa [contratada para as obras emergenciais] tem que trabalhar – a equipe vai, retira o material e volta. É claro que, de vez em quando, a gente faz incursões procurando material, como foi [o caso] da Luzia e dos meteoritos. Mas a fase de salvamento propriamente dita vai se iniciar em algumas semanas”, detalhou Kellner.
Em outubro, o museu informou que conseguiu recuperar fragmentos do crânio de Luzia, mais antigo fóssil brasileiro. O balanço dos trabalhos foi apresentado hoje (13), em entrevista coletiva na Quinta da Boa Vista. No evento, foram expostas peças recuperadas do incêndio que fazem parte das coleções de Pompéia, do Egito e do México, de arqueologia e de minerais.
Kellner informou que a cobertura provisória do prédio deve ficar pronta em um mês. “Com a cobertura, consegue-se trabalhar. Aí vai ter várias equipes trabalhando em salas diferentes, é como se tivéssemos sítios arqueológicos diferentes em cada um dos espaços do museu. Essas equipes vão fazer, então, minuciosamente, o resgate do material. É um trabalho que demora muito tempo e tem que ser feito com cuidado, para que não se perca informação. E é tudo de que a gente não precisa.”
O diretor do Museu Nacional destacou que o trabalho tem conseguido recuperar mais material do que os pesquisadores esperavam. “Desde o começo, eu não estava pessimista, nem otimista. Agora estou entusiasmado, porque estamos coleando muito mais material do que a gente esperava, e de uma forma muito melhor. A Luzia a gente sempre tinha esperança, mas esperava achar uma meia, um quarto de Luzia. Mas encontramos praticamente tudo. Vai dar pra reconstruir”.
