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Alagoas

Estudante relata como crise familiar desencadeou a compulsão alimentar

Foi na adolescência que Mayara Sucuira descobriu o transtorno

Houve um tempo em que a alimentação na casa da estudante Mayara Sucupira era controlada. Seis refeições ao dia, com pratos variados, coloridos e saborosos. Mas as constantes discussões da mãe e o padrasto, e os problemas afetivos com o pai, que mora longe, provocou bruscas mudanças em seu estilo de vida. Foi na adolescência que ela descobriu o transtorno da compulsão alimentar periódica (TCAP).

A estudante é uma moça de altura mediana e cabelos cortados um pouco acima dos ombros. Tem 22 anos e pesa 118 quilos. É muito simpática – sorri com frequência e com gosto.

O estresse do dia a dia e as mudanças de humor são fatores que colaboram para episódios de descontrole, que ocorrem, pelo menos, dois dias por semana. “Eu me alimento bem, chego a repetir as refeições, mas, às vezes, costumo ‘atacar’ os doces que vejo pela frente'”, contou ela, aos risos. “Se vem à minha cabeça a imagem de um sorvete, enquanto não comê-lo a sensação não passa.”

Nesses períodos, a estudante pode comer de sete a oito vezes ao dia. Quando questionada sobre os efeitos de se alimentar várias vezes, num curto espaço de tempo e mesmo já estando saciada, Mayara responde sem medo: “a primeira sensação é surpreendente. E, logo depois, a vontade de chorar toma conta. É uma mistura de felicidade, preocupação e culpa”, revelou. “Eu preciso entender que o meu comportamento é de risco. Exige dedicação.”

TRATAMENTOS – O raciocínio em volta do tratamento requer delicadeza e deve ser feito por uma equipe multidisciplinar, envolvendo nutricionista, educador físico, endocrinologista, psicólogo e, se necessário tratar com medicamentos, um psiquiatra.

De acordo com a nutricionista Lúcia Maria uma das maiores dificuldades para o enfretamento da doença é o paciente reconhecer que ele precisa de ajuda. “Retirar o alimento não resolve, talvez até piore o quadro de saúde”, aconselhou ela.

Como acontece com quase todos os transtornos mentais, não há um teste que indique definitivamente que alguém tem um transtorno da compulsão alimentar periódica (TCAP). Logo, o diagnóstico é feito com base nos relatos do paciente e informações de familiares e amigos mais próximos.

“A partir do momento em que você percebe que algo de errado está acontecendo e que a comida não é apenas um meio para se alimentar e de sentir prazer, mas sim de dependência; a busca por ajuda médica é fundamental”, complementou a psicóloga Alzira Moraes.