O secretário de Estado da Ciência, Tecnologia e Inovação (Secti), Eduardo Setton, afirmou que o Governo de Alagoas irá arcar com parte dos prejuízos e danos causados pelo Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) ao Centro de Ciências Agrárias (Ceca), da Universidade Federal de Alagoas (Ufal).
Na última terça-feira (5), vários integrantes do movimento destruíram e depredaram experimentos que levaram anos de pesquisa feitos por mestrandos e doutorandos da instituição.
“Os prejuízos materiais causados pelo ato não foram grandes. Porém, pelos primeiros levantamentos, a destruição desses experimentos que levaram anos de pesquisas é um prejuízo incalculável e não tem como ser recuperado”, ressaltou o secretário.
Na quarta-feira (6), o secretário Setton se reuniu com o reitor da Ufal, Eurico Lôbo, para avaliar os danos causados pela ação. “É o tipo da coisa que dinheiro não compra. Era um trabalho de pesquisas que levaram três, quatro anos”, destacou.
Prejuízos materiais
De acordo com Setton, pelo levantamento realizado pela direção do Ceca, os prejuízos materiais estariam entre R$ 30 e 50 mil. “Esse foi um relatório inicial, mas ainda não foi apresentado oficialmente ao Governo do Estado. Contudo, é um custo que pode ser arcado com a parceria que já existe entre a Universidade e o Governo do Estado”, completou.
O secretário ressaltou que, independentemente do ato de vandalismo, estão sendo investidos pelo Governo de Alagoas R$ 27 milhões, em parceria com o governo federal, para ampliar o parque tecnológico do Estado e nas universidades, na área da agricultura familiar. “São projetos como a hortifruticultura e mandiocultura em Arapiraca, e da Cadeia do Leite, na cidade de Batalha”, informou.
Setton informou que na próxima semana irá sentar com os estudantes prejudicados para ver como o Governo pode ajudar a tentar recuperar um pouco do tempo, se com equipamento ou outros investimentos.
“Algumas das pesquisas produzidas eram sobre energia renovável por meio do bagaço da cana para a sustentabilidade do planeta. Isso porque está sendo implantada a 1ª usina de etanol e a 2ª geração de etanol da América Latina”, destacou.
Relatório
O relatório parcial feito pelo diretor do Ceca, Paulo Vanderlei, sobre as ações do MST aponta que foi destruída a estrutura de estufa de produção de plântulas [Embrião de uma planta contido numa semente] de cana. Foram cerca de 30 mil plântulas que seriam utilizadas no Programa de Melhoramento Genético da Cana de Açúcar (PMGCA). De acordo com o documento, houve a destruição do jardim clonal de variedades RB [República do Brasil] produzidas pela Ufal.
“Esse jardim é uma exigência do Ministério da Agricultura para manter amostras vivas de todas as cultivares protegidas junto ao órgão produtor; sem esse jardim o registro pode ser cancelado”, relatou Paulo Vanderlei.
Outro ponto do relatório consta a destruição de estufa de vidro utilizada para experimentos com diversas culturas. “Esses experimentos eram conduzidos por alunos de graduação e pós-graduação (mestrado e doutorado) para elaboração de trabalhos de conclusão e curso, dissertações e teses”, avaliou Vanderlei.
