As ações para revitalizar a cultura do coco gigante em Alagoas já começaram. Nesta quinta-feira (24), representantes do governo do Estado, Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Tabuleiros Costeiros (Embrapa), prefeituras e produtores se reuniram em Piaçabuçu, litoral Sul alagoano, para fazer um levantamento dos problemas enfrentados pelo setor e das alternativas para solucionar as questões que comprometem a produção.
Na reunião, os produtores, em sua maioria compostos por agricultores familiares, falaram sobre as pragas e doenças que atingem os coqueirais, a falta de acesso a linhas de financiamento, para custear investimentos, como adubação e irrigação, e a carência de assistência técnica.
O secretário de Estado Adjunto da Agricultura, José Marinho Júnior, salientou que, na prática, a parceria com a Embrapa Tabuleiros Costeiros para pesquisa e transferência de tecnologia já começou e está sendo formalizada por meio de um contrato de cooperação. Ele procurou a Embrapa, em Sergipe, após demanda apresentada pelos produtores alagoanos.
“Desde o primeiro momento, o governador Teotonio Vilela colocou a Secretaria de Agricultura à disposição. Assim, procuramos a Embrapa e acreditamos que, com o apoio dos produtores, vamos solucionar alguns problemas”, enfatizou.
“É importante também, além de investir e reorganizar a produção de coco, que os produtores busquem diversificar a produção, para que obtenham renda de outras atividades”, citou. “Por isso, Piaçabuçu será contemplada com um tanque de resfriamento de leite, como parte das ações do Programa Alagoas Mais Leite”, informou o secretário adjunto, ressaltando ainda que o município já possui uma associação de pequenos produtores de leite, formada em 2010.
José Marinho Júnior também apresentou os engenheiros agrônomos da Secretaria de Estado da Agricultura e do Desenvolvimento Agrário (Seagri) que, desde fevereiro, estão prestando acompanhamento aos agricultores locais.
Ações – O chefe geral da Embrapa Tabuleiros Costeiros, sediada em Aracaju (SE), Edson Diogo Tavares, também ressaltou que nenhuma entidade vai conseguir resolver tudo sozinha. “A Embrapa tem o compromisso com a cultura do coco no Nordeste e no Brasil, mas precisamos sim de parcerias. Já está certo que faremos cursos, treinamentos, capacitações e dias de campo”, explicou.
“A tecnologia será repassada pela Embrapa de acordo com a realidade local, com os problemas que estão sendo colocados aqui. Faremos um programa de curto, médio e longo prazo”, esclareceu Tereza Cristina de Oliveira, chefe de Comunicação e Negócios da Embrapa.
Além dela, o pesquisador da entidade, Fernando Curado, especialista reconhecido nacionalmente em cultivo e produção de coco, coordenou as atividades durante a reunião.
Queda da produção – O produtor de coco João Leite, de Piaçabuçu, que falou em nome dos demais agricultores do município que estavam na reunião, citou a queda na produção e disse que a categoria precisa de mais orientação técnica.
Segundo o secretário municipal de Agricultura e Pesca de Piaçabuçu, Joaquim Eugênio, o município tem 2.300 hectares de coqueiros, a maioria da variedade gigante, e cerca de 180 pequenos produtores. “A categoria precisa de apoio e também precisa se organizar mais, se unir, para se tornar forte”, disse.
Assim como o secretário adjunto José Marinho, ele citou como estratégia a diversificação produtiva. “O município tem potencial para a pecuária leiteira e para a fruticultura”, destacou.
Também na reunião, o produtor de coco Eurico Uchôa, que preside a Associação dos Produtores de Coco de Alagoas (Prococo), enfatizou que o Estado possuía 25 mil hectares de coco, e hoje tem apenas 12 mil.
Além dos itens já apresentados, ele citou como motivos para a redução da plantação e entraves para o crescimento: o roubo de coco, a ampliação do terreno de Marinha e do acrescido de Marinha, um imposto anual para todas as pessoas que possuem propriedades à beira mar. “Esse imposto está muito alto”, disse.
Como alternativa, ele sugeriu a inclusão do coco na merenda escolar das escolas municipais, através do Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae), por meio do qual as prefeituras devem compor pelo menos 30% da merenda com produtos da agricultura familiar da região.
Em Feliz Deserto, segundo o secretário municipal de Agricultura, Emanuel Lessa, uma parceria com os produtores está dando certo para eliminar uma praga. “Estamos instalando armadilhas e capturando alguns insetos”, disse.
Agenda – O próximo encontro do grupo – produtores, técnicos, pesquisadores da Embrapa e representantes do governo do Estado e das prefeituras – será no dia 28 de abril, em Piaçabuçu, para uma oficina. Alguns deles já disponibilizaram áreas para que a Embrapa, caso precise, faça experimentos.