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Sergipe

Espécie nativa da China é encontrada na Unidade de Conservação do Estado

Em meio ao Bioma Caatinga, uma espécie exótica, nativa do Sul da China, foi descoberta na região do Monumento Natural Grota do Angico – Unidade de Conservação da Natureza gerida pela Secretaria de Estado do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos (Semarh).

A descoberta da espécie se deu de forma inesperada e curiosa. Ocorreu quando o pesquisador da Universidade de Pernambuco (UFPB), o Biólogo – Herpetólogo, Daniel Oliveira Santana, em pesquisa no perímetro da UC da Grota do Angico, observava a dieta de Quelônios (tartarugas de água doce), razão inicial de sua pesquisa.

Entretanto, durante o acompanhamento da alimentação dos quelônios, o pesquisador notou a presença de um molusco extremamente abundante na área de estudo e ainda, que a espécie não era consumida pelas tartarugas estudadas. Tal fato chamou a atenção do pesquisador que constatou se tratar de um Bivalve de água doce (Corbícula Fliminea) espécie do continente asiático.
Inédito

Segundo reitera Daniel Oliveira Santana, mestre em Ecologia e Conservação pela UFS e doutorando em Ciências Biológicas (Zoologia) pela UFPB, a ocorrência do bivalve (Corbícula flumínea) é relatada pela primeira vez para o bioma da Caatinga e amplia consideravelmente sua distribuição geográfica para a região nordeste do país dessa espécie invasora na América do Sul e no Brasil.

Firmado na pesquisa em busca da predominância da espécie Bivalve, pesquisador revelou a ocorrência do molusco em duas localidades do rio São Francisco (em área de Caatinga no nordeste brasileiro). O primeiro registro corresponde ao trecho localizado nas proximidades do Povoado Cajueiro, dentro do perímetro da Unidade de Conservação Estadual Monumento Natural Grota do Angico. O segundo registro corresponde às margens da barragem do Complexo Hidrelétrico de Paulo Afonso, Bahia.

“No Brasil, esta espécie foi registrada pela primeira vez no estado do Rio Grande do Sul no fim da década de 1970, sendo registrada também na bacia amazônica, provavelmente introduzida através de navios que visitavam os portos de Manaus e Belém. O molusco bivalve também foi identificado no Sudeste, Centro-Oeste e na região Norte do país”, informou o pesquisador.

Preservação da Caatinga

As pesquisas realizadas em biomas têm o papel de preservar e proteger a biodiversidade local. “Ao identificar uma espécie exótica em um bioma de espécies nativas, abrirmos a possibilidade de se criar mecanismos de controle, estabilizando a espécie no ambiente”, frisou o secretário de Estado do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos, Genival Nunes.

A introdução em hábitats naturais provoca grandes perturbações para as comunidades biológicas, contribuindo para a redução da diversidade em ecossistemas aquáticos continentais.

De acordo com pesquisador, considerando a sua ocorrência em áreas de preservação ambiental, a presença desta espécie exótica invasora representa um risco potencial para a biodiversidade nativa.

“Este registro será essencial para futuras decisões de gestão que possam ser implementadas de forma a proteger os habitats e a biodiversidade local”.
A pesquisa sobre a descoberta do Bivalve na UC do Angico, como o primeiro caso no NE brasileiro foi publicada no Ckeklist- revista internacional que estuda a distribuição de espécies.

“Tive o apoio logístico da Semarh durante o período da pesquisa. Esse suporte físico dá ao pesquisador condições de melhor tempo e dedicação no trabalho”. A Unidade de Conservação é dotada de um amplo complexo, contendo cozinha, banheiros, camas, espaço de estudos e leitura e de laboratório.

Descobertas da Grota do Angico

A Unidade de Conservação do Monumento Natural Grota do Angico tem sido cenário de diversas descobertas de espécies da fauna e da flora.

Ainda em 2013, foi registrada a ocorrência da jaguatirica (Leopardus pardalis), uma espécie ameaçada de extinção segundo o ICMBio. Também, nos açudes da catinga foram encontrados variadas espécies de plantas aquáticas, a exemplo da planta carnívora do gênero Utricularia, em alguns açudes do Angico foi coletada a planta aquática com menor flor do mundo, a Wolffia (duas espécies).