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Alagoas

Espanhol faz experimentos com tambaqui em Alagoas

Pesquisador espanhol Juan Asturiano esteve no Ceraqua São Francisco

O Centro Integrado de Recursos Pesqueiros e Aquicultura de Itiúba (Ceraqua São Francisco) , situado no município de Porto Real do Colégio, recebeu esta semana a visita do espanhol Juan Asturiano, pesquisador da Universidad Politecnica de Valencia. Ele realizou experimentos com tambaqui, pesquisa que tem a participação da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf).

A cooperação técnica internacional entre o grupo de pesquisa Acuicultura y Biodiversidad e pesquisadores das instituições que integram o Ceraqua São Francisco (Ufal, Embrapa e Codevasf) foi coordenado pelo pesquisador Paulo Carneiro, da Embrapa Tabuleiros Costeiros (situada em Aracaju-SE), responsável pelos contatos iniciais com o cientista espanhol na Universidad Politecnica de Valencia, na qual Paulo Carneiro realiza pós-doutorado.

“A vinda do Juan ao Ceraqua São Francisco possibilitou que ele tivesse contato com a tecnologia de conservação de sêmen do tambaqui Colossoma macropomum e pudesse também analisar o desenvolvimento gonadal desses animais. Pretendemos desenvolver uma cooperação com o grupo de pesquisa do qual ele faz parte na Espanha para que possamos executar atividades que possibilitem a melhoria na reprodução do tambaqui em cativeiro.”, explicou o pesquisador da Embrapa.

Intercâmbio

Carneiro ainda acrescentou que a vinda do pesquisador espanhol ao Ceraqua São Francisco abre a possibilidade da ida de técnicos e pesquisadores do centro tecnológico à Espanha para desenvolver atividades correlatas. Segundo o representante da Embrapa, o conhecimento técnico de Juan Asturiano sobre a reprodução em cativeiro da enguia europeia, peixe que possui um processo de reprodução artificial mais difícil em comparação com o tambaqui, certamente contribuirá para a melhoria deste processo no Brasil.

“O melhoramento da tecnologia de reprodução do tambaqui irá refletir positivamente na produção comercial de alevinos desses peixes, especialmente com a redução de custos. Quando você diminui o desperdício de sêmen e de hormônios utilizados no processo, isso reduz custos para o produtor e fortalece a piscicultura familiar e empresarial”, declarou Paulo Carneiro.

Juan Asturiano também se mostrou entusiasmado com a possibilidade de uma cooperação internacional entre o Ceraqua São Francisco e a Universidad Politecnica de Valencia. “Há um grande potencial para cooperação internacional entre pesquisadores do Brasil e da Espanha. Os países europeus estão atentos à colaboração na investigação científica. Temos muito ainda pela frente, mas já temos a identificação de uma atuação conjunta”, afirmou o pesquisador espanhol.

Análise de amostras

Entre as atividades desenvolvidas pelo grupo de pesquisadores do Brasil e da Espanha estão a análise de amostras de tambaqui com ou sem indução de reprodução por hipofisação e estudos fisiológicos desses animais com análise comparativa de peso, sangue, esperma, testículos, músculos, fígado, entre outros órgãos, de diversas amostras dos peixes utilizados nos viveiros do Ceraqua São Francisco.

Eles também realizaram ensaios de criopreservação do sêmen com o objetivo de melhorar a técnica que permite armazenar o material genético do peixe para produção de animais de acordo com a demanda. As atividades foram encerradas sexta-feira, 19 de novembro, na unidade Embrapa Tabuleiros Costeiros em Aracaju (SE), com a realização de um seminário interno sobre biotecnologia da reprodução de peixes.

Além de Paulo Carneiro e de Juan Asturiano, participaram das atividades os engenheiros de pesca da Codevasf Kley Lustosa e Sérgio Marinho, o biológo José Reginaldo, também dos quadros da Codevasf, os pesquisadores da Embrapa Hymerson Azevedo, Alexandre Nizio Maria e Jadson Pinheiro, integrantes do Laboratório de Biotecnologia de Reprodução Animal da unidade Embrapa Tabuleiros Costeiros, e o professor do curso de Engenharia de Pesca da Ufal, André Gentellini.