21 de março. Em inglês, 3/21. Dia Internacional da Síndrome de Down. A grafia, invertida quando escrita no outro idioma, revela um sentido especial à data. A Síndrome de Down se caracteriza quando um indivíduo nasce com três cópias do cromossomo número 21. A ocorrência genética não é considerada uma doença e merece a atenção não só da sociedade, como do poder público. E é o que tem feito o Governo do Estado, através do investimento em capacitação de profissionais da rede de educação e da inserção de salas de recursos multifuncionais em escolas da rede estadual.
As crianças com síndrome de down, independente da deficiência intelectual, têm total direito a serem matriculadas em escolas regulares. O acesso a educação deve ser o mesmo para todos, proporcionando assim que as crianças possam conviver normalmente, livres de preconceito e com um ensino igualitário.
Em Sergipe, 61 municípios já contam com espaços que oferecem atendimento complementar não só às crianças com síndrome de down, como também as que desenvolveram outros tipos de deficiência. No total, a rede estadual conta com 106 salas de recursos multimídia. Nelas, 149 professores capacitados promovem atendimento complementar durante o período contrário ao do ensino regular. Nesses espaços, os profissionais da rede trabalham as habilidades cognitivas das crianças com síndrome de down, proporcionando a melhoria do aprendizado dos pequenos.
De acordo com a Secretaria Estadual de Educação (Seed), o número de matrículas de pessoas com deficiência vem aumento com o decorrer dos anos. Em 2013, segundo censo do MEC/INEP, 1.808 crianças foram matriculadas. Já em 2014, foram contabilizados 2.026 alunos com deficiência, sendo que, do total, cerca de 50% dos estudantes possuem deficiência intelectual. Outro fato interessante é que, segundo informações de Maria Aparecida Nazário, diretora da Divisão de Educação Especial (Dieesp), é notável que as pessoas com deficiência não só se matriculam com maior frequência, como também têm conseguido concluir o ensino médio e partir para as universidades.
Capacitações
Outra frente de ação do Governo com o foco na inserção dos alunos com deficiência consiste na capacitação de todos os docentes que integram a rede. Através de cursos, realizados em parceria com o Ministério da Educação (MEC), 2.500 professores da Rede estão habilitados para atender esse público.
“Temos trabalhado muito com recursos do MEC para aquisição de material escolar. As salas de recursos já têm o kit completo com computadores, impressora, scanner, móveis adaptados. Na preparação de professores, temos atuado na formação continuada deles. Temos realizados cursos no Centro de Atendimento de Pessoas com Surdez e a formação em Libras. Ministramos para professores, educadores, pais e alunos. A principal função do Centro é a formação de educadores, professores e a comunidade que ajuda na difusão da linguagem de sinais”, informou Aparecida.
Potencial
“As pessoas com síndrome de down nascem com potencial, mas se ele não for trabalhado, fica atrofiado”. Essa foi a declaração da jornalista e assessora especial do governo, Eliane Aquino. Ela é mãe de Mateus, criança com down e destaca a grande capacidade que as pessoas com a síndrome possuem.
“Hoje a informação é diferente da que a gente tinha no passado. As pessoas têm acesso a mais conteúdos”, ressalta Eliane, acrescentando que ainda assim, as pessoas precisam reconhecer a capacidade dos indivíduos com síndrome de down. “Eles são muito inteligentes”, complementa. Para ela, é necessário trabalhar as famílias mais humildes para que elas compreendam o potencial que as pessoas com down possuem. “Tem que dar acesso a elas, pois se tiverem oportunidades de vida, vão longe”, finaliza Aquino.
Dificuldades
A promotora de justiça de Sergipe Ana Galgane também é mãe de criança com síndrome de down e enfatiza um ponto muito importante, que o preconceito parte dos adultos. “Muitos deles precisam entender que a convivência de uma criança com outra que tem síndrome de down não vai trazer nada negativo”, alerta. Ela ainda comenta que o convívio entre crianças com ou sem síndrome é tranquilo. “Preconceito é um vocábulo de adulto. É óbvio que as crianças percebem a diferença. Mas isso não as leva a tratar os demais com desrespeito”, relata.
A ida para o mercado de trabalho também é um ponto defendido por Galgane. Para a profissional, é necessário que os familiares entendam que uma pessoa com síndrome de down também pode ter um emprego, e que ela não irá perder o acesso ao benefício do governo caso tenha que deixar o trabalho.
Avanços
A luta para garantir os direitos das pessoas com síndrome de down é constante. Em Sergipe, a Associação Sergipana dos Cidadãos com Síndrome de Down (Cidown) está sempre atuando e promovendo a divulgação de informações sobre o tema. Segundo a diretora de Relações Públicas da instituição, Alynne França, diante do cenário atual, é possível visualizar avanços.
A membro da Cidown convive diariamente com questões relacionadas ao assunto, pois um de seus filhos gêmeos nasceu com síndrome de down. Ela acredita que, apesar das dificuldades, a educação inclusiva da rede pública está sendo mais efetiva. Alynne também acha que, em geral, o olhar das pessoas na sociedade está se modificando. “A limitação é algo que está dentro das nossas cabeças”, resume, ao falar sobre o modo como as pessoas veem a deficiência.
