“A escola é um ambiente de múltiplas aprendizagens”. Assim entende Maria Janilda Santos da Mota, coordenadora pedagógica da Escola Municipal de Educação Infantil (Emei) Neuzice Barreto, e reflete o pensamento da equipe escolar quando resolveu implantar uma horta na unidade.
“Através da escola, a gente ressignifica práticas, a gente inclui valores”, completa Maria Janilda. E, com esse projeto, segundo ela, a escola espera fomentar a valorização do meio ambiente e o hábito da alimentação saudável. “Além de fazer com que a criança se conheça pertencente a esse mundo, criando uma consciência ecológica que vai surgir depois de adulto, mas que começa na infância: eu pertenço à natureza, eu ajo sobre ela, e todos os meus atos vão influenciar no futuro”, explica.
Então, a ideia, que ela define como aparentemente simples, pode gerar um aprendizado muito grande. “Que a gente pode não ter noção ainda”, reitera a coordenadora. Esse aprendizado, segundo a diretora da Emei Neuzice Barreto, Shirley Andrade de Menezes, pode compreender de português, com a identificação da horta, à matemática, com a contagem da plantação, por exemplo.
“Ela permite trabalhar o aprendizado de forma holística, como um todo”, ressalta Shirley Andrade. A escola iniciou o projeto por iniciativa própria para, também, aproveitar o espaço físico privilegiado, com muita área verde, porém ociosa.
“Pensamos em unir o útil ao agradável, realizando uma prática pedagógica na qual a criança participasse aproveitando a estrutura disponível”, acrescenta Shirley.
A Neuzice Barreto é uma escola que compreende creche e educação infantil e, segundo a diretora, todos os alunos participarão do processo de cuidar da horta. “Assim, terão contato com a terra e participarão desse espaço de terapia ocupacional, pois passam o dia todo na instituição. São seis turmas integrais”, destaca.
O projeto ainda tem status de experimental, mas pode ser expandido. “Inicialmente, vamos cultivar hortaliças que possam ser utilizadas na alimentação deles. Mas o projeto pode ser ampliado, porque há muito espaço disponível e muitas formas de os professores aturarem”, esclarece a diretora.
Do outro lado da cidade, na escola Arthur Bispo do Rosário, uma horta de cunho pedagógico também está sendo implantada. Segundo a coordenadora da escola, Ildete Feitoza, o projeto tem uma linha voltada à sustentabilidade, com reaproveitamento de materiais.
“Fui à UFS, conversei com uma professora do Departamento de Engenharia Agronômica e pedi ajuda. Ela se prontificou a nos ajudar e está fornecendo uma espécie de consultoria”, afirma Ildete.
Para custear a horta, a escola promoveu um bazar, além de ter contado com a doação de garrafas pet pela comunidade. “Nosso objetivo é a conscientização, dentro e fora da sala de aula, e a horta foi por esse caminho”, reitera a coordenadora.
No momento, a horta está na fase de preparação dos canteiros, que são colocados em formatos geométricos, já abordando assuntos das aulas de matemática.
“Eles mesmos pintam as garrafas e cada turma, em rodízio, montam os canteiros, cuja temática já está alinhada à sala de aula, num processo de teoria e prática”, reforça.
A escola tem educação infantil e 1º, 2º e 3º ano do ensino fundamental e todos vão participar do projeto, que funcionará em paralelo a um outro que já existe na escola, o Cozinha Criativa. “A ideia é pegar da horta e levar para a cozinha, para as receitas, incentivando ainda mais a alimentação saudável”, diz Ildete.
Passada a montagem dos canteiros, os alunos vão plantar as sementes e se revezar nos cuidados com a horta. “A gente está feliz, pois os meninos estão entusiasmados, querendo participar. Os frutos serão colhidos depois, literalmente”, comemora.
