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Meio Ambiente

Equipe do IMA alerta sobre a necessidade de preservar a caatinga

Equipe de técnicos e da fiscalização, do Instituto do Meio Ambiente (IMA), faz fiscalização e encontra situações como a poluição de águas, retirada ilegal de madeira da vegetação nativa, construções irregulares, destinação imprópria do lixo e exploração intensa dos recursos naturais, em áreas ribeirinhas de povoados da zona rural de municípios sertanejos, nas margens dos rios São Francisco, Moxotó e do Riacho do Talhado.

Os problemas chamam a atenção por conta da fragilidade do bioma caatinga. Os fiscais e os técnicos encontraram locais como o assentamento Juá, no povoado São Sebastião, a 19 quilômetros da sede de Delmiro Gouveia, onde há eutrofização no lago que serve à irrigação das roças que cercam o local. “Nossa preocupação é que isso está piorando muito, já tem alguns lugares que nem dá mais pra ver a água só a baronesa”, afirma o secretário de Meio Ambiente e Recursos Hídricos do município, Marcos Antonio Freitas, sobre a espécie de alga que tem se reproduzido com rapidez.

Segundo os técnicos do IMA, o problema pode ser causado pela emissão de matéria orgânica em grande quantidade, provavelmente proveniente de esgotos. Além disso, as roças que cercam o local usam a irrigação por aspersão o que seria inadequado para o tipo de solo da região.

Turismo e ocupações

Foram observadas também as construções irregulares em áreas impróprias. Desde os ‘ranchos’ dos pescadores, passando pelas casas de veraneio, até a expansão de pequenos empreendimentos que sobrevivem da exploração do turismo. “Já houve época de não haver um visitante, hoje a gente recebe a média de 150 pessoas por semana”, comenta José Francisco da Silva, de 72 anos, sobre a procura dos turistas.

Ele ampliou o restaurante que possui no Mirante do Talhado, há 22 quilômetros da sede do município. Construiu dois chalés e em breve erguerá outro; conseguiu recuperar, das águas do Riacho do Talhado, a carroça utilizada pela Rede Globo na gravação da novela Cordel Encantado; e está erguendo uma torre que servirá para escalada e tirolesa. “Já tenho o projeto para fazer a fossa como deve ser e junto com tudo isso faço o trabalho de envolver os jovens e a comunidade, fazer uma forma de comunicação pra eles também ganharem o dinheiro deles”, comenta.

O trabalho de José é diferente na área. Um exemplo é a afirmação dele de que quando começou havia 16 carvoeiras instaladas na região e hoje o número teria caído para três. “Ele serve de referência na região, consegue envolver as pessoas e preside a Associação dos Empresários de Turismo do Baixo São Francisco [AETBASF], mas precisamos que todos entendam que para melhorar o fluxo de visitantes do lado alagoano é preciso organizar melhor os trabalhos e o crescimento”, comenta o responsável pelo Arranjo Produtivo Local de Turismo na região do Baixo São Francisco, Meraldo Rocha.

Junto com a exploração desordenada aparece a destinação inadequada do lixo produzido por turistas e pela comunidade. “A nossa preocupação com as construções nas margens do rio e com a ampliação dos pequenos empreendimentos é a maneira como tem sido feito. A caatinga é um bioma sensível e que, por causa das condições naturais e de instalação das pessoas, leva muito tempo para se recuperar. É possível melhorar a visitação da região, sem que seja preciso destruir. Para tanto os moradores, os pequenos empresários e a prefeitura devem cumprir o que determina a lei”, afirma o diretor-presidente do IMA, Adriano Augusto.

Os problemas foram identificados durante os três dias, de 23 a 25, da Operação Riacho do Talhado. Nesse período aconteceram atividades educativas, no povoado Cruz e assentamento Lameirão; e ações de fiscalização em áreas ribeirinhas de comunidades nas margens do Riacho do Talhado e do Rio Moxotó.

A equipe foi formada por 33 pessoas, das Diretorias de Unidades de Conservação (Diruc), de Desenvolvimento e Pesquisa (Didep), de Monitoramento e Fiscalização (Dimfi) e a de Laboratório (Dilab), além da Chefia de Gabinete, equipe de apoio e assessoria de comunicação.