Desde o início da pandemia de covid-19 há três anos, termos como ensino remoto, educação a distância, ensino virtual, aulas síncronas e assíncronas tomaram maior evidência. Inicialmente é preciso contextualizar o que é o denominado ensino remoto e o que é a educação a distância. Durante o período de isolamento, por exemplo, na Universidade Federal de Alagoas tivemos o chamado Ensino Remoto Emergencial (ERE), que, segundo o professor Fernando Pimentel, coordenador da Educação a Distância na Ufal, diz respeito às atividades de ensino e aprendizagem mediadas por tecnologias digitais, orientadas a partir dos princípios da educação presencial.
“No ERE, os estudantes têm aulas virtuais no mesmo horário em que estariam presentes na instituição de ensino. Essa é a grande característica do ERE: espera-se que professores e estudantes estejam no mesmo horário para a realização das atividades. Recordamos também o caráter emergencial e temporária, para buscar minimizar os efeitos do isolamento físico imposto pela pandemia”, explica.
Por outro lado, a Educação a Distância (EaD) também utiliza as tecnologias digitais para a mediação do ensino e aprendizagem, mas tem sua própria metodologia. “Consiste em um processo educacional planejado (não acidental ou emergencial). Consolidada teoricamente e metodologicamente, a EaD possui uma estrutura política e didático-pedagógica que vai além dos momentos síncronos e assíncronos do ensino remoto”, afirma.
Por exemplo, em relação ao estudante, no Ensino Remoto ele é um reprodutor do conteúdo, e possui baixa interação com professor, sendo passivo na maioria das experiências. Já na EaD, a aprendizagem acontece de forma colaborativa, com alta interação com seus pares (alunos-alunos) e professores.
Em relação à interação, no ERE acontece de forma síncrona por meio de videoconferências, sendo unilateral: professor-aluno, ou assíncrona: por meio de envio de tarefas, podendo ser adotado o meio impresso ou virtual. Já na EaD, a interação é híbrida com momentos presenciais e não presenciais, com ferramentas síncronas (bate-papos) e assíncronas (fóruns, tarefas).
Na Ufal a EaD começou em 1998, e depois com a criação do Sistema Universidade Aberta do Brasil em 2005, foi feita a adesão e iniciou-se a oferta de vários cursos de graduação, extensão, capacitação e de especialização lato sensu. As aulas geralmente acontecem nos polos presenciais espalhados em Alagoas, aos finais de semana, enquanto que durante a semana os estudantes realizam seus estudos e atividades.
“Se alguém pretende começar a estudar a distância, precisa compreender que a dinâmica não será igual a ter aulas remotas. É necessária uma disposição interior para a organização, a disciplina e a automotivação, já que na maioria das vezes o próprio estudante é que fará seu horário diário de estudo”, explica o professor Pimentel.
Na perspectiva do ERE, a cada dia da semana os estudantes se encontram com seus professores, utilizando plataformas de encontro virtual síncrono (Teams, Meet, entre outros). Essas aulas são realizadas no horário que o estudante estaria presencialmente em seu curso, sendo a dinâmica muito parecida com a aula presencial.
O professor é enfático: “podemos afirmar que o aproveitamento do aprendizado na EaD é algo tangível, com diversos estudos, publicações, pesquisas que atestam que a modalidade, que na legislação brasileira se faz presente desde a LDB de 1996. É uma realidade concreta, com um aprendizado concreto e que tem como consequência a inserção de profissionais qualificados no mercado de trabalho, na vida civil e nos diversos programas de mestrado e doutorado no Brasil e exterior”.
Ele explica que na EaD já existem resultados concretos, inclusive por ser uma modalidade consolidada e que existe a muito tempo. No entanto, ainda não há como atestar os resultados concretos da aprendizagem no ERE. “Evidente que sempre existe aprendizado, mas não temos ainda estudos ou métricas que possam evidenciar de forma sólida se minimamente conseguimos limitar os efeitos negativos do isolamento físico nesse período da pandemia. O que não podemos é dizer que não se aprende. Não podemos generalizar. Precisamos de uma política de avaliação concreta sobre esse tempo, pois já sabemos que nem todos os estudantes conseguiram de fato estudar e aprender, por questões de infraestrutura, de organização pessoal e familiar e de tantas outras questões merecedoras de pesquisas”, afirma.