×

Alagoas

Encontro discute metodologia e perspectivas do programa Alagoas Cidadã

Encontro dos Representantes de Grupos do Programa Alagoas Cidadã aconteceu nesta segunda-feira

“A metodologia do Programa Alagoas Cidadã pode ser a mudança transformadora que Alagoas necessita para avançar no desenvolvimento econômico e social da população de baixa renda”. Foi com esta afirmação que o economista e professor da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), Cícero Péricles, encerrou sua palestra sobre “A força da economia local no desenvolvimento do Estado de Alagoas”, realizada nesta segunda-feira (31), durante o I Encontro dos Representantes de Grupos do Programa Alagoas Cidadã, que tem como meta a redução da pobreza em Alagoas.

O encontro reuniu pela primeira vez os representantes de diversos grupos formados em bairros da periferia de Maceió, os Agentes de Desenvolvimento de Grupo (ADGs), que trabalham como facilitadores nas reuniões dos grupos, e os parceiros do programa: o Governo do Estado, por meio da Agência de Fomento de Alagoas (Afal), a organização não governamental Visão Mundial e a Agência Nacional de Desenvolvimento Microfinanceiro (Ande).

De acordo com o economista Cícero Péricles, o programa, baseado na metodologia de Grupos de Oportunidade Locais de Desenvolvimento (Golds), chegou à Alagoas num momento em que o ambiente econômico do país teve mudanças significativas, puxado pelos programas sociais de transferência de renda e o aumento real no salário mínimo, criando um novo ciclo para a economia e beneficiando a população da base da pirâmide. “Daí a importância desse programa, que aposta na organização da camada social mais pobre”, destacou o economista.

O diretor de Desenvolvimento e Projetos da Afal, Fábio Leão, explicou que o programa Alagoas Cidadã nasceu a partir de uma articulação entre os diversos parceiros, em 2009, quando estava sendo montada a carteira de projetos da instituição. “Estávamos com a autorização recente do Banco Central e apostamos, também, neste projeto, para fomentar a economia alagoana”, disse Fábio, ressaltando a iniciativa do Governo do Estado em viabilizar o convênio com a Visão Mundial e a Ande, aportando recursos na ordem de R$ 2,5 milhões oriundos do Fundo Estadual de Combate e Erradicação da Pobreza (Fecoep).

O programa, segundo Fábio, começa a entrar em uma nova etapa, quando serão disponibilizados recursos de aproximadamente R$ 1 milhão para empréstimos por meio de dois fundos: o fundo de risco capital semente – recursos para que os integrantes dos grupos possam retirar empréstimos para iniciar seus pequenos negócios – e o outro fundo para alavancar empreendimentos já existentes e, desta forma, contribuir para a geração de emprego e renda para esta parcela da população.

“Acreditamos que, a partir de agora, os grupos já criados e aqueles em formação contarão com uma importante oferta de crédito para alavancar seus negócios. Estas operações de microcrédito serão operadas pela Ande. O papel da Afal é promover o acesso ao crédito e ao conhecimento a partir de programas como o Alagoas Cidadã, e para isso trabalhamos em parceria com diversos organismos nacionais e internacionais, a exemplo do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), que também é parceiro deste e de outros programas da Agência de Fomento de Alagoas”, destaca.

O assessor da Visão Mundial em Educação Financeira, Julio Dias, destacou a parceira da Afal , da sociedade civil, da ONG Visão Mundial e da Ande, e disse que a metodologia do programa, que teve origem em países asiáticos, como a Índia, trouxe bastante benefícios para a população pobre, possibilitando o dinamismo da economia local.

“Trata-se de uma revolução pacífica na área social e econômica, que o Governo do Estado está apoiando. Já a Visão Mundial está levando o recado para a comunidade. A metodologia é dirigida para esse público de baixa renda que precisa aproveitar a ‘janela´ e caminhar adiante”, destacou. A metodologia do programa, ainda segundo Júlio, já está sendo aplicada em outros estados nordestinos, como o Ceará e o Rio Grande do Norte, com o apoio do BID, mas Alagoas é o único em que o Governo do Estado, por meio da Afal, participa diretamente como parceiro do programa possibilitando uma maior estrutura para fomentar novos empreendimentos e garantindo a inclusão social e econômica desta população.

Programa – Em Alagoas, o programa teve início em maio do ano passado e atualmente conta com 118 grupos formalizados, envolvendo mais de 1.200 alagoanos em bairros da periferia de Maceió e em municípios do interior. A meta do programa é formar 500 grupos, atingindo mais de 5 mil pessoas que terão possibilidade de capacitação para o acesso ao crédito e melhoria das condições de vida.

São pessoas como a dona de casa Osana Curvelo, que mora no bairro do Jacintinho, e faz parte do Grupo Harmoniação. Osana conta que já pegou empréstimo da poupança realizada pelo próprio grupo para resolver problemas emergenciais, e que pretende, com o aprendizado em educação financeira, montar um pequeno negócio. O mesmo sonho tem a artesã Vaneide França, moradora do Village Campestre e que faz parte do Grupo Juntos Somos Mais. Vaneide diz que soube da existência do programa através de amigas da comunidade e desde então não perde as reuniões realizadas semanalmente.

A segunda parte do evento contou com um trabalho motivacional realizado pela facilitadora e psicóloga Sheilla Santos, abordando aspectos identificados com a metodologia do Alagoas Cidadã como a autoestima, autonomia e dignidade. O momento foi de interação entre os grupos, que puderam trocar experiências sobre o que vem sendo discutido em cada um deles e, a partir daí, expandir conhecimento em busca de soluções e propostas que gerem benefícios para as suas comunidades.

A coordenadora de projetos da Afal, Cecília Bonilla, destacou a participação dos representantes dos grupos neste primeiro encontro em que “os parceiros, Afal, Visão Mundial e Ande participaram como convidados, cabendo aos representantes dos grupos a iniciativa de promover o evento, onde foi possível observar o trabalho dos Agentes de Desenvolvimento de Grupos (ADGs) junto a este público, repassando a metodologia do programa e promovendo esta integração”.