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Alagoas

Enchentes marcam vida de profissional da Defesa Civil Estadual

Denildson Queiroz explica como a Defesa Civil está atuando

O tenente-coronel do Corpo de Bombeiros Denildson Queiroz, secretário-executivo da Defesa Civil Estadual, é uma das testemunhas da tragédia que afetou pelo menos 210 mil pessoas em quase 30 cidades alagoanas nas enchentes que sensibilizaram o país e o mundo. Em entrevista, Queiroz fala dos momentos mais marcantes da experiência que vive e conta os detalhes da atuação da Defesa Civil no episódio.

Agência Alagoas – O que mais impressionou o senhor em meio a toda essa tragédia que se abateu em Alagoas por conta das enchentes?
Denildson Queiroz – Foi com certeza o volume, a vazão, além da velocidade das águas em um período tão curto de tempo. Em toda minha vida, eu só tinha visto isso em filme. Para quem esteve lá, o cenário é de um pós-guerra. Aliás, nem precisava, porque as fotos e as imagens mostradas ao mundo todo diziam tudo.

AA – E qual cena mais lhe impressionou ou chamou atenção em todo este episódio?
DQ – Emocionei-me muito com os abrigos na cidade de Santana do Mundaú, que acolhiam os idosos e as crianças em grande quantidade. Quase todos eles tinham um olhar com semblantes sem perspectivas, de quem não tinha mais norte na vida. Aquilo me sensibilizou muito. A outra cena forte foi quando pousamos em Branquinha para distribuição das cestas básicas, porque além daquele olhar sem perspectivas, vi também desespero. E é nessa hora que observamos como nós, agentes públicos, somos importantes para essas pessoas nesses momentos. Por isso que ressalto a determinação do governo naquela primeira reunião no Palácio, com toda a estrutura do Estado e com os outros parceiros para o trabalho incansável, que tinha na vida o bem mais precioso.

AA – Quantos profissionais da Defesa Civil Estadual ainda estão engajados neste trabalho?
DQ – Só de Alagoas participam cerca de 1.300 pessoas. Diariamente, são cerca de 500 pessoas da Defesa Civil. Contando com os profissionais e voluntários de outros Estados, temos mais de 400 pessoas trabalhando diariamente. Temos aqui profissionais e voluntários de São Paulo, Rio de Janeiro, Santa Catarina, Sergipe, Rio Grande do Sul e Minas Gerais.

AA – Nesse trabalho todo de salvamento e de ação humanitária, o que mais o senhor destacaria?
DQ – Impressionei-me com os hospitais de campanha, cujos profissionais são extremamente solidários, uma lição de profissionalismo, mas, fundamentalmente, de vida e amor ao próximo.

AA – Quais os próximos passos desse trabalho?
DQ – O trabalho consiste em quatro fases: a do socorro, que é o primeiro momento, a humanitária, a de reestruturação e a de reconstrução. Ainda estamos na fase de socorro e de ação humanitária. As outras duas fases são as mais longas, porque são de médio e longo prazo e, por tabela, são as mais difíceis por envolver uma grande quantidade de recursos.

AA – Das cidades que o senhor viu, quais as mais destruídas?
DQ – Branquinha, Santana do Mundaú, União dos Palmares, São José da Laje, Quebrangulo e Murici.

AA – Qual o trabalho de um secretário-executivo em uma missão dessas?
DQ – Viabilizar e mobilizar as demais secretarias, coordenar as operações de salvamento e salvação humanitária. No cotidiano, criar e capacitar as Coordenadorias Municipais da Defesa Civil em todo Estado.

AA – Em todo seu tempo de corporação, essa foi a maior tragédia onde o senhor já trabalhou?
DQ- Nos meus 19 anos de Corpo de Bombeiros, foi realmente o maior evento desse porte que vivenciei. São momentos em que tivemos quase que totalmente nos privar da família, da festas juninas e da Copa do Mundo.