Quem deve ser atendido primeiro? Um paciente com resfriado mas que chegou primeiro à Emergência ou um paciente com fratura na perna mas que chegou depois? E o que dizer da paciente que chegou em choque no hospital em relação aquele que está sofrendo com uma unha encravada? Quem tem prioridade? Quem deve esperar?
A pergunta é pertinente em virtude de uma realidade que está fora dos hospitais, mas que afeta os serviços de emergência e de urgência em todo o País. Com as deficiências enfrentadas nos postos de saúde e em mini-pronto-socorros e a demora em se conseguir uma consulta eletiva via plano de saúde, muitas pessoas acabam lotando as emergências dos hospitais em busca de atendimento.
Para tentar racionalizar o uso dos serviços de emergência, pesquisadores ingleses elaboraram o chamado Protocolo de Manchester, que estratifica os pacientes em cores, de acordo com o grau de gravidade de cada um.
Seguindo a Portaria Nº 2048, do Ministério da Saúde, a Santa Casa de Maceió passou a adotar o Protocolo de Manchester na Emergência 24 Horas, exceto na área da Pediatria, que está em processo de adoção do modelo.
Agora, após a implantação da classificação de risco por cores, o paciente não precisa apresentar documentos pessoais tão logo chegue na Emergência 24 Horas. Ao ingressar na recepção, o paciente retira uma senha e, ao ser chamado, é encaminhado direto para a sala de triagem, onde uma enfermeira analisará o quadro clínico e entregará o bracelete colorido (ver box abaixo) indicando o nível de gravidade e o tempo máximo para atendimento. O tempo mínimo é o da cor vermelha (Emergência Absoluta), cujo atendimento deve ser imediato. O tempo máximo é o da cor azul (Sem Urgência), que pode ser de até 4 horas, mas que pode ocorrer em questão de minutos, caso o fluxo de pacientes mais graves seja pouco.
“O Protocolo de Manchester pode não ser bem compreendido por algumas pessoas, que acham que quem chega primeiro deve ter prioridade. Na realidade, um paciente com risco de morrer tem total prioridade sobre outro, que poderia ser atendido numa consulta eletiva, por exemplo”, explica Anna Carolina Le Campion, coordenadora médica da Emergência 24 Horas.
Para se ter uma ideia de como as pessoas usam indevidamente os serviços de emergência, dos 5.800 pacientes que recorrem mensalmente à Emergência 24 Horas, 80% se enquadra nas categorias Verde (Pouca Urgência) e Azul (Sem Urgência). São pacientes que não apresentam risco iminente de morte e que se encontram em estado não-urgente. “São casos que podem aguardar atendimento ou que poderiam ser tratados em consultórios ou em postos de saúde”, acrescentou Anna Carolina.