A Coordenadora da Central de Transplantes de Alagoas, Daniela Ramos, concedeu uma entrevista ao Programa Em Pauta, apresentado pelo Secretário Executivo de Saúde do estado, Guilherme Lopes, na Rádio Penedo FM (97,3 Mhz e www.penedofm.com.br), nesta sexta-feira, 1º de setembro. Durante a entrevista, foram discutidos diversos aspectos relacionados à doação de órgãos e a importância da conscientização sobre esse tema crucial para a saúde pública.
De acordo com estimativas da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos, a expectativa é realizar cerca de 27 transplantes cardíacos por ano. No entanto, esse número muitas vezes não é alcançado devido à falta de conhecimento da população sobre o processo de doação e à necessidade de autorização da família para a captação de órgãos.
Um dos principais desafios enfrentados pelos hospitais é a identificação da morte cerebral/encefálica, que é um critério fundamental para a doação de órgãos. Esse diagnóstico rigoroso requer dois exames clínicos realizados por médicos diferentes, com intervalos de tempo variáveis de acordo com a idade do doador. A morte encefálica é declarada quando não há mais atividade cerebral, o que leva à cessação das funções corticais e do tronco cerebral.
Segundo Daniela Ramos, quando a morte encefálica é confirmada, a parada cardíaca é inevitável, mas os órgãos ainda podem ser doados para transplante, desde que haja o consentimento da família. “Portanto, é essencial que as pessoas comuniquem seus desejos de doar órgãos aos familiares, pois isso reduz as chances de recusa quando a situação ocorre”, declarou.
A Coordenadora da Central de Transplantes de Alagoas explicou que cada órgão tem um tempo de validade após a captação. Por exemplo, o coração é viável por apenas 4 horas, o fígado por 8 horas, os rins por 24 horas e a córnea por até 15 dias. “Essa limitação de tempo ressalta a importância da agilidade no processo de doação”, acrescentou.
De acordo com dados da Central de Transplantes de Alagoas, atualmente, 509 pessoas estão na fila de espera por um transplante no estado. A maioria desses pacientes aguarda por córneas (453), seguidos de rim (48), fígado (6) e coração (2). Em 2023, até o momento da entrevista, Alagoas já realizou 51 transplantes, incluindo córneas, fígados e rins.
Com a chegada do mês de setembro, Alagoas adere à campanha “Setembro Verde”, que tem como objetivo conscientizar a população sobre a importância da doação de órgãos para salvar vidas. Durante todo o mês, estão programadas diversas ações, como panfletagens, palestras em escolas, seminários e outros eventos em vários municípios, visando aumentar a conscientização sobre a doação de órgãos.
A Lei nº 9.434/2017, conhecida como a “Lei dos Transplantes”, estabelece que a doação de órgãos após a morte só pode ser realizada quando for constatada a morte encefálica. Não é necessário deixar nada por escrito em documentos; basta comunicar o desejo de doação à família. Pode-se autorizar a doação a partir dos dois anos de idade e até os 80 anos, desde que haja autorização de um parente de primeiro grau, como irmão, cônjuge, pai ou mãe, além da presença de duas testemunhas.
O Secretário Executivo de Saúde, Guilherme Lopes, destacou durante a entrevista a importância de um esforço conjunto na conscientização e captação de órgãos, com o objetivo de reduzir a fila de espera por um transplante. “Para isso, o Hospital Geral do Estado em Maceió implementou um espaço de acolhimento para conversas com familiares de potenciais doadores, visando melhorar o processo de captação e conscientização”, salientou.
“Doar órgãos é um ato de amor ao próximo. Temos que desmistificar esse paradigma e conscientizar as pessoas que a doação é um ato que pode salvar muitas vidas. Não tem sentido a gente não ser doador de órgão. A medicina evoluiu muito e essa é a oportunidade de fazer a diferença na vida do próximo,” complementou, enfatizando que Alagoas tem se destacado na promoção da conscientização sobre a doação de órgãos, e parte desse sucesso é atribuída ao esforço incansável do governador Paulo Dantas.
Ainda segundo Lopes, Paulo Dantas tem incentivado ativamente a população a se envolver nessa causa. “Sua recomendação é clara: é necessário um esforço conjunto no processo de conscientização e captação de órgãos, visando reduzir a fila de espera por um transplante”, afirmou.
Durante a entrevista foram abordados outros tópicos importantes sobre a doação de órgãos. Clique no Player e confira na integra!