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Penedo

Em busca da felicidade, motociclista mineira percorre o Brasil sozinha

Claudia Maria, 55 anos, na sua busca, está percorrendo sozinha e de motocicleta, todo o Brasil

Você já parou para pensar sobre qual o seu limite na busca da felicidade? O que faria, ou então, estaria disposto para encontrá-la?

O nome é: Claudia Maria Wandalsen Mendonça, 55 anos. Mas, ela gosta de ser chamada apenas de ‘Furacão’, garantiu que tudo, sem limites, podendo cessar só com a morte, a quem já conseguiu vencer.

Nesta quinta-feira (21), a motociclista chegou em Penedo, para pernoitar, e seguir com a sua busca, ao nascer do sol da sexta-feira. ‘Furacão’, nome que recebeu de outro motociclista, por ser considerada decidida, resolvida, começou a sua viagem pelo Brasil no dia 28 de maio, partindo da capital mineira.

“Minha moto (Suzuki Intruder 125) estava prestes a vencer o emplacamento e eu tinha que ir ao Rio de Janeiro, onde é registrada. Ela pertenceu a minha filha. Então, fui e fiquei por um tempo trabalhando em Rio das Ostras, com banho e tosa de animais, pagam muito bem [risos]. Depois de guardar um pouco de dinheiro, com o que eu já tinha, resolvi enfim, iniciar minha viagem pelo Brasil, sozinha e de motocicleta”, contou.

Claudia Maria começou a programar sua busca ainda 2006, quando descobriu um câncer de mama. “Há época, o médico de trinta e poucos anos ficou preocupado comigo, e veio perguntar se eu não estava preocupada com a doença, levando a sério. Respondi que se ele não tivesse cuidado, eu o enterraria [risos]. Não podemos abater. Conversava sempre com Deus, dizendo que ia vencer, que necessitava da vida. Aqui estou depois de oito anos, buscando a felicidade”, disse.

O tempo todo, ela é só alegria, sinceridade. Não esconde a ação do tempo. Se orgulha da experiência de vida e dos seus 55 anos. Furacão é separada há 16 anos e mãe de três filhos. Só não gosto de ser chamada de senhora.

Roberto Miranda - aquiacontece.com.brAbriu mão do emprego

Para pilotar na sua busca, como já garantiu, está disposta a tudo. E dentro deste universo, ‘Furacão’ pediu demissão. Com formação superior em Secretariado Executivo Bilíngue, a motociclista trabalhou por anos no setor de vendas.

“Para iniciar, abri mão do emprego. Pedi demissão. Uma parte da rescisão investi em minha casa, reformas. E aluguei alguns cômodos. Estou recebendo, pagando ainda a reforma. Também estou no seguro desemprego, que está financiado parte da viagem. Quando passei pela Bahia, trabalhei como diarista, fazendo faxina. Recebi por quatro, R$ 240. E nas paradas, também conto o apoio dos membros da AMEBR (Apoio ao Motociclista Estradeiro Brasil)”, acrescentou.

Irmandade

Você se inscreve na irmandade, sendo obrigatório atender alguns requisitos, dentre os vários, pertencer a um motoclube. Assim, os irmãos em diferentes partes do Brasil, lhe acolhem, dando dormida e, até, alimentação. Ou então, cedendo um local seguro para que o motociclista possa armar uma barraca, muitos andam assim e com alimentação para preparar.

Em Penedo, ‘Furação’ foi acolhida pelo presidente do Motoclube Falcões do Baixo São Francisco, Eduardo Bezerra. “Eu recebi uma ligação de uma mulher pedindo um local seguro para armar sua barraca. Eu já tinha recebido ligações de outros irmãos, falando muito bem dela. De imediato disse que não ia ficar em barraca, mas sim na minha casa”, contou Bezerra que também faz parte da irmandade Apoio ao Motociclista.

Roberto Miranda - aquiacontece.com.brEduardo, como recebeu a motociclista em sua casa, se encarrega de passar contatos de irmãos em outras paradas, Maceió, seu proximo destino. Ele também liga para descrever qual a sua impressão a respeito da irmã ‘Furacão’. Assim, o irmão de Maceió liga para um de Recife. Uma corrente, para em cada estado, cidade e parada, um membro da irmandade receber a motociclista mineira que está percorrendo o Brasil.

Sua companheira

Claudia Maria segue seu percurso em uma Suzuki Intruder 125cc. O moto possui som, ascendedor de cigarros adaptado para ajudar no carregamento do celular e de um compressor de ar portátil, que pode encher o colchão inflável que carrega e os pneus da moto, se precisar. Nos maleiros, comida, fogareiro portátil a álcool, material de borracheiro, produtos de higiene, roupas e um computador. Além de uma câmera GoPro fixada em seu capacete, para captar todos os momentos que serão postados no site http://www.naestrada.tk. Seu percurso diário gira em torno de 400 quilômetros.

O significado de tudo

Ao fim do bate papo, que aconteceu ao entardecer do belo Rio São Francisco, Claudia Maria Wandalsen Mendonça, 55 anos, a ‘Furacão’, resumiu tudo e mandou um recado:

“Devemos acreditar em nós. Tive câncer, lutei e venci. Ninguém veio ao mundo para apenas trabalhar, encher o bucho de comida, ter filhos e procurar ficar rico. Busque a real felicidade, seja de qual maneira for. A minha, é percorrer o Brasil em cima de uma moto. O grande objetivo, é confiar em nós. Busquem a felicidade onde ela estiver [risos]“.