O candidato a governador de Alagoas pelo PSOL, o agrônomo Mário Agra encerrou nesta segunda-feira, 26, a série de entrevistas promovida pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Alagoas (Fecomércio/AL). Caso seja eleito, ele disse que deve realizar uma auditoria fiscal nas contas do Estado para saber quanto Alagoas deve e quanto tem a receber.
De acordo com Mário Agra, é preciso criar as condições para que a dívida do Estado seja renegociada. Dessa forma, é possível ter recursos suficientes para investir em Alagoas que tem potenciais em diversos setores, a exemplo da indústria açucareira, responsável pela segunda maior produção do Brasil em açúcar e álcool. “Defendemos a renegociação da dívida do Estado e tudo que for diminuído ou alongado será redirecionado para segurança pública, saúde e educação. Só assim teremos condições de dar resposta a esse caos que se encontra aqui no nosso Estado”, assegurou.
Em relação ao setor agropecuário, Agra citou que Alagoas tem um rebanho de bovinos que ultrapassa a casa de um milhão, sendo referência atualmente em termos de genética. O candidato comentou que Alagoas já teve um potencial extraordinário na sua Bacia Leiteira, na área da agricultura, na produção de coco e outras culturas. “É um Estado que tem um potencial extraordinário, talvez um dos maiores do mundo no seu turismo. São 300 km percorrendo a sua costa, com talvez as praias mais belas do mundo”, ressaltou.
Comércio tem arrecadação maior do agropecuária para Alagoas
Em relação ao comércio, o candidato afirmou que o setor tem um volume expressivo. Conforme Mário Agra, são cerca de 15 mil estabelecimentos em Alagoas, quase 70 mil funcionários. “Com certeza, mais de R$ 10 bilhões circulam pelo comércio alagoano. E efetivamente é quem mais contribui do ponto de vista da arrecadação do Estado. É estarrecedor ver alguns setores, como a agropecuária no nosso Estado, que apenas contribui com R$ 340 mil”, observou.
Para o candidato com histórico de militância em partidos de esquerda, os incentivos têm que ter algumas regras bem estabelecidas, pois não dá para beneficiar alguns setores e outros não. “Não é compreensível um Estado onde a sua economia tem um setor industrial importante, como o setor da agroindústria açucareira, e lamentavelmente contribui muito pouco com a distribuição dos impostos”, afirmou.
Mário Agra destacou que o Estado arrecada algo em torno de R$ 2 bilhões de impostos e um amento de 50% injetaria R$ 1 bilhão na receita do Estado. “Se as condições que a lei determina forem cumpridas, o Estado de Alagoas aumentará sua receita em 50%. E é possível aumentar a receita do Estado sem muita dificuldade”, afirmou.
Quase 70% dos alagoanos são analfabetos
De acordo com Mário, Alagoas tem quase 70% de analfabetos. “Conforme o Enem [Exame Nacional de Ensino Médio], a primeira escola do Estado de Alagoas foi a 399º, uma escola particular. Das dez melhores escolas do Estado nenhuma é pública. Das dez piores todas são públicas. E o mais estarrecedor é que em todas essas, entre as dez piores do Estado, está faltando professor”, afirmou.
Mário Agra questionou porque no passado os colégios da rede estadual eram referências e hoje a evasão é monumental, além dos índices de violência cada vez mais crescentes. “Não adianta um candidato vir aqui e dizer que vamos investir na modernidade se ele não consegue investir na educação. Como é que você vai investir em tecnologia se você tem uma grande quantidade de pessoas que não tem acesso ao conhecimento? Como você vai resolver isso?”, questionou.
Ainda no quesito segurança pública, o candidato pelo PSOL ressaltou que o contingente da Polícia Militar gira em torno de 6,5 mil a 7 mil, mas seria necessário pelo menos o dobro. Do total de militares, mais de mil já era para ter ido para a reserva. Ele disse que a violência está tão desenfreada que nem os condomínios fechados escampam das ações dos criminosos.