Atendendo convocação do Programa Educação para a Promoção da Paz, professores e pais de alunos das escolas municipais Pedro Carnaúba, Nazaré Batista, São José, Cônego Jatobá, Manoel Firmino, Pimentel Amorim e Centro de Educação Infantil receberam o promotor de Justiça Flávio Costa no Centro de Formação de Professores. O representante do Ministério Público Estadual proferiu uma palestra sobre o consumo de drogas e como os jovens estão entrando cada vez mais cedo no vício.
O evento faz parte de projeto que está sendo trabalhado pela Secretaria de Educação do município desde 2010. Na atividade realizada no último dia, o promotor de justiça que atua em Maceió mostrou a facilidade com que as drogas podem ser encontradas, explicou que as drogas destrutivas não são apenas as ilícitas, como cocaína, maconha e crack, mas também as lícitas, como cigarro e álcool. Durante a palestra, Flávio Costa apresentou estatísticas preocupantes sobre dependentes químicos em Alagoas.
Internações em unidades terapêuticas
Segundo o promotor, 340 alagoanos estão internados em unidades terapêuticas de reabilitação de dependentes. Deste total, 91% são homens e 9% mulheres, estas por terem se envolvidos com drogas através de namorados e acabaram até sendo presas por tráfico.
Flávio Costa disse ainda que 67% dos usuários têm entre 14 e 29 anos; 56% não têm nem o ensino fundamental completo; 52% têm de 01 a 05 filhos; 49% são sustentados pelos pais; 44% começaram a usar drogas por influência de amigos e 38% por curiosidade; 50% dos usuários começaram com o consumo na rua, nos momentos de lazer, e 12% começaram na escola; 69% já praticaram algum ato violento e 48% já roubaram para manter o vício.
“O consumo das drogas começa com festinhas e em grupinhos de amigos e termina com o vício ou a morte. É impressionante a quantidade de barzinhos na porta das escolas, o que atrai os alunos para a iniciação do consumo. A aula está chata, a professora é ruim, vou para o barzinho relaxar”, exemplifica o promotor.
Os dados apresentados na palestra indicam ainda que a primeira droga experimentada pelos usuários de crack é o cigarro ou o álcool, na maioria das vezes por influência dos pais que bebem e fumam na frente dos filhos, e acabam sem autoridade, pois não deram exemplo. Por isso é importante a presença das famílias nas escolas, nas reuniões de professores com os pais e o Conselho Tutelar.
Depoimento de ex-dependente
Após a palestra do promotor de Justiça, os presentes ouviram o depoimento de João Marcelo, que se envolveu com drogas aos 11 anos e passou 10 anos de sua vida como usuário. Hoje, João Marcelo é dono de uma academia, formou-se em Educação Física, e trabalha com a Seleção Sub-20 do CSA. O empresário está longe das drogas há 9 anos.
“O álcool é a porta de entrada para o consumo de drogas. Comecei a usar drogas com uns amigos mais velhos que jogavam futebol comigo. Às vezes, não percebemos que a droga está tomando conta da gente e quando isso acontece já é tarde. E se existe alguém responsável pela minha mudança é a minha mãe”, conta o empresário.
João Marcelo contou que muitas vezes se acorrentou na cama, se trancou no quarto e jogou a chave, pediu para a mãe colocar cerca elétrica no muro da casa para ele não fugir para comprar drogas, e que começou o consumo após o tratamento de uma doença grave de seu pai.
Escolas e Guarda Municipal presentes
Todas as escolas presentes compareceram com bandeirinhas coloridas, para identificar a escola e mostrar o apoio à iniciativa da Secretaria de Educação e da Prefeitura de Viçosa. A Guarda Municipal também esteve presente ao evento.
Na abertura do evento, o coordenador de Ensino, professor José Claudino, falou sobre as ações do primeiro ano do programa, como caminhadas e palestras sobre a paz. Em 2011, foram realizadas outras mobilizações, a exemplo de palestras com grupos religiosos e com o promotor de justiça de Viçosa nas escolas municipais.
Já o prefeito Flaubert Filho enfatizou a importância do combate às drogas no município. “É preciso proteger nossa juventude! As drogas estão entrando cada vez mais cedo na vida dos jovens, destruindo famílias inteiras. Temos que nos unir – governo, professores, pais e sociedade em geral -, para que esse mal não se alastre ainda mais”, disse.