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Alagoas

DPE/AL move ação contra empresas acusadas de golpe do consórcio em Alagoas

O golpe ocorre quando falsos vendedores prometem entrega imediata de carros, motos, casas, apartamentos e até financiamentos, algo que não existe no modelo de consórcio.

A Defensoria Pública do Estado de Alagoas (DPE/AL) ingressou, nesta quinta-feira (11), com uma Ação Civil Pública (ACP) contra 23 empresas de consórcio que atuam no estado, com o objetivo de conter o avanço do chamado “golpe do consórcio”, fraude que vem fazendo dezenas de vítimas em Maceió e no interior. O esquema criminoso funciona quando falsos vendedores prometem entrega imediata de carros, motos, imóveis e até financiamentos — algo inexistente no modelo de consórcio. Após convencerem os consumidores, os golpistas encaminham os contratos às empresas, que, segundo a Defensoria, validam as propostas sem investigar a origem ou desconfiar da fraude.

A ação é assinada pela defensora pública Norma Negrão, do Nudecon, e pelos defensores Othoniel Pinheiro e Lívia Risso, do Núcleo de Proteção Coletiva. De acordo com o defensor Othoniel Pinheiro, o Nudecon recebeu uma grande quantidade de atendimentos nos últimos meses. As vítimas acreditam estar contratando um financiamento ou empréstimo, mas acabam aderindo a um consórcio regular, sem garantia de contemplação rápida. Os golpes acontecem por meio de anúncios na internet, abordagens em shoppings e ruas, grupos de vendas e perfis falsos nas redes sociais.

A Defensoria aponta que as empresas têm falhado na adoção de mecanismos básicos de segurança na formalização dos contratos, permitindo que propostas fraudulentas sejam validadas. Por isso, a ACP solicita que as companhias passem a exibir avisos claros em seus sites informando que consórcio não garante entrega imediata do bem, produzam vídeos educativos sobre golpes, mantenham cadastro rígido de vendedores, realizem ligações de confirmação após a assinatura e reforcem o combate a práticas abusivas, além de checar a origem de propostas suspeitas. Outra medida pedida é que empresas sem autorização do Banco Central sejam proibidas de atuar no mercado de consórcios em Alagoas.

O golpe já havia sido alvo de uma operação da Polícia Civil em outubro de 2025, quando falsos vendedores foram presos pelos crimes de estelionato, lavagem de dinheiro e organização criminosa. Agora, a iniciativa da Defensoria mira as empresas que, de acordo com a instituição, validam contratos produzidos pelos criminosos e acabam contribuindo para a continuidade do esquema no estado.