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Cultura

Douglas Apratto e Cármen Lúcia Dantas lançam “Presença Holandesa em Alagoas”

Calendário cultural sobre a

Pelo oitavo ano consecutivo, o historiador Douglas Apratto Tenório e a museóloga Cármen Lúcia Dantas lançam calendário cultural com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Alagoas (Fapeal). Mantendo a tradição, o tema histórico de 2011 é sobre “A Presença Holandesa em Alagoas”, no período do Brasil Colônia, de 1630 a 1654. O projeto gráfico foi realizado este ano pelo designer Fernando Rizzotto. O coquetel de lançamento está programado para esta sexta-feira (10), às 10h, no auditório Aquatune, do Palácio República dos Palmares.

Foi com o objetivo de promover o resgate de uma importante fase da história alagoana que os amigos Douglas e Cármen optaram pela temática. A dupla de intelectuais já produziu outros calendários sobre a arte sacra de Alagoas; cartofilia alagoana; o patrimônio histórico do Estado; e os primórdios da produção de açúcar local, entre outros. Todos esses projetos foram ponto de partida para publicação de livros relacionados ao tema. Em 2009, a “Alagoas de Pierre Verger” foi o tema selecionado – que resultou na obra “A Alagoas de Pierre Fatumbi Verger, lançado na semana passada.

“Poucos conhecem os fatos históricos decorrentes da ocupação holandesa em Alagoas. Geralmente, os fatos conhecidos são do centro da capitania, Olinda e Recife principalmente, e até algumas situações nas províncias do Norte, Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará, estendendo-se também para Sergipe e Bahia, outra grande capitania da época. Mas Alagoas, então periferia do polo administrativo, participou ativamente dos desdobramentos dessa ocupação estrangeira e é necessário que uma memória disto seja feita sob a ótica alagoana”, afirma o professor Douglas Apratto.

O historiador lembra que na época Portugal estava sob a tutela da Espanha, unidas as coroas ibéricas com a morte de D. Sebastião. Em função disso, há várias questões relevantes a desvendar em meio de tantas lendas e crônicas incorretas. “Qual a nossa participação no período? Como os artistas trazidos por Nassau retrataram Alagoas? Que papel desempenharam Nassau, Bagnuolo, Camarão, Henrique Dias, Matias de Albuquerque? E a figura polêmica de Domingos Fernandes Calabar? Quem foram os grandes estrategistas da guerra? E a influência judaica e a da igreja reformada? Como se deu a ocupação e a expulsão de nosso território?”, questiona.

Cármen Lúcia, por sua vez, destaca que durante 24 anos os holandeses invadiram e dominaram a capitania de Pernambuco, então a unidade mais rica da Coroa portuguesa do Brasil e da qual fazia parte o atual território de Alagoas, exatamente a sua parte austral. “Foi um período que deixou marcas profundas no imaginário alagoano; anos que são recordados pela tradição oral nas suas fases de conquista (1630-1637), administrativa (1637-1642) e insurreição (1642-1654). Dias e anos memoráveis de aprendizagem, erros, heroísmo, traições, guerras, crueldade, fé, ecumenismo, política, corrupção, sonhos e arte que ficaram registrados em memórias algumas delas completamente errôneas, deturpadas, que precisam ser reunidas para uma divulgação correta e se debater com isenção e fidedignidade a verdade da presença flamenga na terra dos antigos caetés”, diz.

De acordo com os pesquisadores, há muitas questões a serem discutidas sobre o tema. Por isso, ambos já estão debruçados sobre toda a bibliografia alagoana que aborda a temática da ocupação holandesa, para preparar um novo livro à quatro mãos. “Obras como O Período Holandês em Alagoas, As Fortificações Holandesas em Alagoas, São Miguel dos Campos, os Relatórios de Dussen, de Waalbeck e de Moucheron precisam ser reunidas e apreciadas. Por que não convocar também os artistas alagoanos para dar sua visão sobre tão rico período, com um contraponto moderno do imaginário holandês alagoano em relação a Post, Eckout e outros?”, propõe Douglas Apratto.

“A publicação do Calendário Cultural e, em seguida, de um livro sobre a Presença Holandesa em Alagoas é o resgate do esquecido tempo dos flamengos entre nós. Reunir todo o acervo documental e bibliográfico que é desconhecido e fora do alcance dos estudiosos é uma tarefa que nos enobrece”, afirma Tadeu Muritiba, presidente da Fapeal, mencionando que a aposta da instituição no projeto também tem como pretensão despertar o interesse da inteligência alagoana e das instituições de ensino e pesquisa sobre o tema. “Trazendo à luz importantes fatos da história alagoana no século XVII, ampliaremos o raio de estudos para outras manifestações culturais e artísticas e estimularemos trabalhos novos, intercambiando com outras unidades federativas a produção de nossos autores”, completa.

Serviço:

O que: Lançamento do Calendário Cultural da Fapeal de 2011
Tema: Presença Holandesa em Alagoas
Autores: Douglas Apratto e Cármen Lúcia Dantas
Onde: Auditório Aquatune, Palácio República dos Palmares
Quando: 10 de dezembro, às 10h