Dor, emoção e revolta marcaram na tarde desta quarta-feira, 23, o percurso feito por centenas de motoristas que acompanharam a condução dos restos mortais do taxista penedense José Gilvan da Silva, 55 anos, até o cemitério do Povoado Ipiranga, em Igreja Nova, onde foi sepultado no túmulo de seu pai, o conhecido músico Zezé da Tapera.
O cortejo com o cadáver removido do IML de Maceió foi recebido por familiares, parentes e amigos no Trevo da Paisa, localizado na AL 101 Sul, por volta das 14 horas. De lá, partiu em carreata até o Conjunto José Moraes Lopes (Cohab), onde o veículo funeral que conduzia o caixão parou em frente ao ponto de trabalho do taxista para uma rápida celebração sacerdotal, cerimônia realizada pelo padre Jackson Ribeiro do Nascimento.
Emocionado, o sacerdote recomendou o corpo, em rito católico, e se solidarizou junto a família que acompanhou emocionada as palavras de conforto do celebrante.
Após a celebração e antes de se deslocaram até o Povoado Ipiranga, os taxistas seguiram em carreata pelas principais ruas da cidade, atraindo a atenção de centenas de pessoas que se enfileiravam nas calçadas para se despedir de Gilvan. O taxista que por anos desenvolveu a profissão na cidade ribeirinha somou amizades, ganhou simpatia de diversas pessoas e marcou sua passagem pela vida como pai e esposo querido pelos filhos e companheira de vida conjugal.
O Desaparecimento
José Gilvan da Silva desapareceu no dia 26 de dezembro de 2010 e, desde então, familiares, amigos e a polícia deram início a uma ampla busca pelo taxista. No início a família informou que ele foi visto pela última vez na praça de táxi da Cohab, próximo ao Trevo de Bom Jesus do Navegantes. O taxi de Gilvan que nunca foi encontrado era um Voyage bege de placa NMI-1307 de Penedo-Alagoas.
Protesto
No último dia de 2010, os taxistas de Penedo fecharam todos os acessos ao Trevo do Bom Jesus dos Navegantes, referência ao girador situado na parte alta da cidade, com saída para as rodovias AL 101 Sul, AL 110 e Avenidas Mário Freire e Engenheiro Joaquim Gonçalves. O protesto da categoria iniciado às 11h30 foi motivado pelo desaparecimento de José Gilvan.
Corpo é encontrado em decomposição em Rio Largo
No dia 25 de janeiro de 2011, os filhos e a esposa de Gilvan, estiveram no Instituto Médico Legal (IML) de Maceió, onde aguardaram a chegada do médico legista para fazer o reconhecimento de um cadáver localizado na cidade de Rio Largo. Na oportunidade o filho do taxista, Gilvan da Silva Filho, informou à redação do Aqui Acontece que soube da localização do corpo que poderia ser de seu pai por meio de um colega de profissão.
Exame de DNA confirmou as suspeitas da família
Somente no dia 10 de março foi que o exame comprovou que o corpo sepultado como indigente há dois meses em Rio Largo, município situado na região metropolitana de Maceió, era realmente do taxista José Gilvan da Silva. A confirmação da identidade foi informada pelo laboratório da Universidade Federal de Alagoas à Valdeildes Vieira da Silva, esposa do taxista.
Apesar do fim da dúvida em relação ao corpo e mesmo depois de ter conduzido os restos mortais de Gilvan na tarde desta quarta-feira, 23, para sepultamento no Povoado Ipiranga, a família continua angustiada por não saber os motivos e os autores da morte de José Gilvan. O caso continua sendo investigado pelo delegado Rubem Natário, titular da 7ª Delegacia Regional de Penedo.