No Rio Grande do Sul, apesar dos quatro anos de governo tucano, a eleição dá sinais de que a histórica polarização entre PMDB e PT, no estado, se repetirá na disputa para o governo. Pelo PT, o ex-ministro da Justiça Tarso Genro tem liderado as pesquisas, mas é seguido ponto a ponto pelo candidato peemedebista, o ex-prefeito de Porto Alegre José Fogaça.
Com exceção da última eleição – quando a tucana Yeda Crusius foi eleita -, desde 1995, PT e PMDB se alternam no governo do Rio Grande do Sul. O então peemedebista Antônio Britto assumiu em 1995, sucedendo Alceu Colares, o último dos trabalhistas que governou o estado. Depois o petista Olívio Dutra comandou o estado de 1999 a 2003. Ele foi sucedido por Germano Rigotto que ficou no Palácio Piratini, sede do governo local de 2003 a 2007, quando então Yeda assumiu com o apoio dos peemedebistas. A acirrada disputa no estado entre as duas legendas – coligadas no plano nacional – torna ainda mais polarizada as eleições deste ano.
Nesse primeiro turno, por exemplo, o PMDB gaúcho decidiu se declarar neutro em relação às eleições para a Presidência da República. Nos demais estados, a postura do PMDB foi a de reivindicar a presença da candidata petista à Presidência da República, Dilma Rousseff no palanque, principalmente nos estados em que o partido se confronta com o PT.
Na última pesquisa Vox Populi, Tarso marcou 34% das intenções de voto, demostrando uma ligeira vantagem em relação ao segundo colocado, Fogaça, que alcançou 28%. A governadora Yeda Crusius, que amargou sucessivas crises de imagem em seu governo devido a denúncias de corrupção, apresentou 12% das intenções de voto.
O cientista político Benedito Tadeu César, professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRJ), não aposta em mudanças muito profundas nesse quadro e aponta o segundo turno das eleições gaúchas como o grande embate. “Que [a disputa] vai para o segundo turno ninguém tem dúvida, e a campanha do PT tem que se conscientizar de que está no segundo turno a grande disputa”, considerou.
“Aposto que esse quadro não muda. Essa média de 34% ou 35% que o PT tem apresentado já é o eleitorado tradicional do partido aqui, formado por eleitores com um pensamento mais de esquerda. O grande desafio da campanha petista é crescer para o eleitorado com um pensamento de centro direita, coisa que o PT nunca conseguiu fazer aqui no Rio Grande do Sul porque sempre se isolou”, afirmou.
O especialista chega a apostar em uma divisão quase que imutável do eleitorado gaúcho. “Temos aqui um terço de eleitores que vota no PT de qualquer forma, um terço que não vota no PT de forma alguma, e ainda um terço de eleitores que não é fechado com o PMDB, mas que pode votar no partido, dependendo das circunstâncias”, analisou.
A coligação de Tarso Genro – Unidade Popular pelo Rio Grande – reúne PT, PSB, PCdoB, e PR. Além disso, dissidentes do PDT, legenda coligada com o PMDB gaúcho, se juntaram informalmente à campanha de Tarso Genro na última semana. No entanto, o cientista político não vê a dissidência trabalhista como um fator determinante para agregar mais votos. “São votos que o PT já tem. O PT [gaúcho] tem que tentar crescer à direita como o próprio PT nacional cresceu há oito anos e que o levou a Presidência da República. Não dá para ficar isolado”, destacou.
Tarso Genro terá o maior tempo de televisão, quatro minutos e 46 segundos. Já Yeda – que reuniu em sua coligação, Confirma Rio Grande, o PSDB, PP, PRB, PSL, PSC, PPS, PHS e PT do B – terá o segundo maior tempo: quatro minutos e 36 segundos. Fogaça reuniu os tempos do PMDB, PDT, PTN e PSDC, na coligação Juntos pelo Rio Grande, terá três minutos e 47 segundos no horário eleitoral gratuito que começa no próximo dia 17 de agosto e vai até o dia 30 de setembro.