Garis são profissionais de extrema importância para a sociedade
Diariamente eles percorrem as ruas e avenidas de Maceió e chamam atenção por onde passam. Vestidos com fardamentos de cores vibrantes, realçando a alegria carregada em sorrisos, eles estão entre os trabalhadores que têm orgulho do que fazem e, por isso, não se intimidam em falar da profissão e também não se queixam da árdua rotina. Estes são os agentes de limpeza, que nesta segunda-feira (16) são homenageados em virtude do Dia do Gari.
“Os garis são profissionais de extrema importância para a sociedade, têm um papel essencial no bem-estar de nossa cidade e devem ser respeitados e reconhecidos. Maceió hoje tem hoje mais de um milhão de habitantes, é uma capital que produz 1,4 mil toneladas de lixo todos os dias. Já imaginou toda essa dimensão sem a ação de trabalhadores empenhados, que honram a profissão? A cidade seria um caos”, comenta o titular da Superintendência de Limpeza Urbana de Maceió (Slum), David Maia.
O gestor também ressalta que a melhor forma de homenagear os garis, além de respeitá-los, é adotar hábitos corretos e que interferem diretamente na rotina dos trabalhadores. “Todos os garis vão às ruas devidamente protegidos, com equipamentos apropriados, mas não é por isso que a população deve deixar de fazer a sua parte. Se há material cortante para descartar, como copos quebrados, é preciso embalar em jornal ou em uma caixa de papelão para evitar acidentes. Recebê-los bem durante a passagem pelas ruas e avenidas também é uma forma simples de homenagear”, afirma David Maia.
Outra forma de retribuir o trabalho dos agentes de limpeza é evitar jogar lixo na rua. A dica é da Ana Maria Lourenço de Oliveira, que é margarida comunitária há quase três anos por meio do projeto Varre Grota. Ela trabalha na região em que mora, na comunidade São Rafael – Jacintinho, e diz que tem o sorriso e o bom humor como ferramentas de trabalho para garantir a boa execução do serviço. Sem timidez, ela se alegra ao falar da profissão, mas logo muda a fisionomia quando é questionado sobre o descarte inadequado de resíduos praticado pela população.
“Parece mentira, mas até hoje escuto pessoas dizendo: ‘eu jogo lixo na rua porque tem os garis para limpar, eles são pagos por isso’. Sim, nós recebemos para isso, mas a nossa alegria não é ver que tem lixo para recolher, não é ver a rua suja. Isso é algo triste, pois a gente queria que cada um fizesse a sua parte, assim como eu e meus colegas cuidamos de nossa cidade. Jogar lixo na rua é falta de educação e é também falta de respeito com os garis”, lembra a margarida.
Além de falar sobre a insatisfação em relação ao descarte inadequado, prática que ela também descreve como danosa à saúde pública, Ana Maria destaca que “a profissão do gari é honrada como qualquer outra”. “Eu não tenho vergonha nenhuma de dizer o que faço. Sou margarida com muito orgulho e só tenho a agradecer a Deus e por essa profissão. Foi através dela que realizei o sonho de ter a minha casa própria. Sou feliz e é com isso que sustento a minha família”, acrescenta a profissional.
Assim como Ana e outros 1.300 agentes da Prefeitura que vão às ruas todos os dias, entre servidores efetivos e de empresas terceirizadas, Maria Patrícia dos Santos trabalha para manter Maceió cada vez mais limpa. Ela fala do amor à profissão e destaca as conquistas. “Faço esse serviço com muito orgulho, é com ele que estou realizando o sonho de comprar a minha casa. Só queria que todo mundo fizesse a sua parte e não jogasse lixo na rua”, afirma.
O gari Edinaldo José da Silva também fala do reconhecimento à profissão, mas de forma ainda mais especial. “Na escola, os meus filhos dizem aos colegas que eu sou gari e dizem com orgulho. Isso para mim é uma satisfação imensa e fico muito feliz”, conta o trabalhador. Ele, Ana e Patrícia são garis comunitários por meio do Varre Grota, um projeto da Prefeitura que mudou a realidade das comunidades São Rafael, Santo Onofre e Ipanema, acabando com os problemas em relação ao descarte de lixo.
Um pouco tímidos, mas orgulhosos, Patrícia e Edinaldo deram depoimentos sobre a profissão e sobre o Dia do Gari. Mais desinibida em frente à câmera, Ana Maria também revelou que tem orgulho do que faz. Confira o vídeo:
O projeto Gari Comunitário também contempla outras regiões da capital, a exemplo do bairro Chã da Jaqueira, no Conjunto Mutirão. Lá, o trabalho é desenvolvido por José Reinaldo, que é um profissional reconhecido e elogiado, inclusive, nas redes sociais. Em sua página no Facebook, o líder comunitário do bairro, Célio Osvaldo, homenageou o gari e falou da importância do profissional para a comunidade.
“O Reinaldo chegou aqui em nosso bairro e tem feito a diferença. É um projeto que está no início na Chã da Jaqueira, mas já notamos a mudança: as ruas estão mais limpas e higienizadas, e ele facilita o trabalho do coletor, juntando todo o lixo em um só ponto. É um trabalhador muito importante e merece ser reconhecido sempre. Agradecemos à Prefeitura pelo projeto Gari Comunitário, pois temos certeza de que ainda virão muitos benefícios para os maceioenses”, comenta Osvaldo.
O Dia do Gari
Apesar de popular, o termo gari ainda tem a sua origem desconhecida. O nome se dá ao profissional agente de limpeza em homenagem a Pedro Aleixo Gary, um francês que assinou contrato com o Ministério dos Negócios do Império, em 1876, para a execução dos serviços de limpeza no Rio de Janeiro. A partir disso, quando havia a necessidade de limpeza em via pública, a população logo dizia: “chama a turma do Gary”.
O termo foi popularizado, inclusive na grafia. No Rio de Janeiro, a data foi oficialmente instituída por meio de uma lei estadual, em 1962. A homenagem aos profissionais foi fortalecida nacionalmente a partir do projeto de Lei 1347/2011, da Câmara dos Deputados, que instituiu 16 de maio como o Dia Nacional do Gari.
Sobre o termo margarida, que caracteriza as mulheres que trabalham com a coleta de resíduos, o surgimento se deu no início da década de 1970, em São Paulo. Nesta época, houve a carência de mão de obra masculina e a empresa prestadora de serviço ao Estado incluiu pioneiramente as mulheres no trabalho. A experiência deu certo e outras capitais logo seguiram o exemplo. Com isso, surgiu também a necessidade de um nome, assim como existia o gari. Então, a escolha foi margarida: a flor representa a mulher e faz alusão à limpeza pela cor branca, que é sinônimo de pureza.
