Número de mortes, até aproximadamente o meio de maio, que era de um em 2018, passa para 21 em 2019
O número de casos prováveis de dengue, registrados de janeiro a 18 de maio, chegou a 18,6 mil, no Distrito Federal. O dado é do último balanço epidemiológico, divulgado pela Secretaria de Saúde, na última segunda-feira (27).
A quantidade é mais de 1.000% – ou onze vezes maior – do registrada, no mesmo período do ano passado (1.676 ocorrências). As mais de 18 mil notificações da doença superaram a marca compilada em todo ano passado, quando a secretaria registrou 2.351 casos.
As mortes pela doença também aumentaram no mesmo período de comparação. Neste ano, já foram registrados 21 óbitos. De janeiro a maio de 2018, uma pessoa morreu em decorrência de dengue.
Segundo o boletim, Planaltina foi a Região Administrativa com o maior número de casos de dengue registrados até o fim de abril, com 2.199 ocorrências. Em seguida, aparecem Ceilândia (2.132 casos), São Sebastião (1.557), Paranoá (1.327) e Itapoã (1.209).
O gerente da Vigilância de Doenças Transmissíveis da SES-DF, Fabiano Martins, o aumento de casos deve-se ao ciclo epidemiológico da doença.
Para Martins, o período chuvoso “atípico” e a introdução de um novo sorotipo de dengue – o do tipo 2 – no DF são fatores que agravaram o cenário.
Segundo o gerente, o sorotipo tipo 2 é resistente a anticorpos e age com maior intensidade.
“Esse vírus, quando está no organismo da pessoa, tem uma capacidade de reprodução, de criar complicações ou casos graves. Isso também é muito associado a justamente ao histórico. Quando a pessoa já pegou dengue uma vez, quando ela pega, em uma segunda vez, esse sorotipo 2, correlacionam o fato da pessoa desenvolver para um quadro de maior gravidade”, explica Martins.
Keila Pereira, de 32 anos, mora em Itapoã e foi diagnosticada com dengue há pouco mais de um mês. A principal suspeita da porteira é que os mosquitos que a infectaram tenham se desenvolvido em um lote baldio, em frente à sua casa.
Keila cogitou estar com dengue após sentir uma dor muito forte na região do olho.
“Dor no corpo. Uma dor de cabeça, uma dor dentro dos olhos. É impressionante. Eu falei assim: eu não estou legal. Dentro do olho, parece que o olho vai estourar. E o resto do corpo, mas do corpo até que pode ser uma gripe que eu achei. Mas essa dor nos meus olhos era horrível”, relembra Keila.
O sorotipo 2 foi detectado em 72,8% das ocorrências até 18 de maio e sempre esteve no Distrito Federal e também é transmitido pelo mosquito aedes aegypti. Portanto a melhor forma de combate à dengue continua sendo evitar a proliferação do mosquito.
Casos devem diminuir com a seca
De acordo com Fabiano Martins, com o fim do período chuvoso, o número de casos de dengue irá diminuir. Mas o gestor alerta que a população do DF não pode relaxar com os lugares propícios para que os mosquitos se proliferem.
Para Martins, independentemente das pessoas morarem em condomínios, apartamentos ou casas, o importante é combater os focos de proliferação incessantemente.
“O desafio maior hoje é a gente não deixar esse mosquito nascer. E a forma como nós temos de não deixar esse mosquito nascer é remover todos os criadouros possíveis e prováveis. Lixo, a questão da infraestrutura, aquelas pessoas que reservam água em casa. Muitas pessoas não deixaram de armazenarem água nas suas casas e principalmente em depósitos a nível de solo”, defende.
