Há cerca de 500 anos quando nós começávamos a ser descobertos pelos europeus que aqui fincaram a Cruz de Cristo, já um membro da sociedade secreta Illuminati, imortalizava no mármore o horror que acontecia no claustro de um convento de mulheres na Espanha. O orgasmo de Tereza d’Avila, celebrizado por Bernini escandalizava a Igreja Católica e chamava a atenção de toda humanidade, para o crime que se perpetrava conta a mulher, forçadamente confinada à uma vida dedicada a ser “Esposa do Senhor”.
Hoje sem a genialidade do escultor barroco nos deparamos com o jornalista Cabrini a mostrar ao mundo a carne flácida e desnuda de um padre ancião que no recesso de uma Casa Paroquial nos sertões do Brasil, entrega-se a volúpia de um ato sexual.
“Isso não é pecado”.assegura o pastor octogenário para vencer as resistências do garoto que seria imolado no altar dos prazeres. “Veja que nos evangelhos, nada existe condenado.” Insiste o prelado em sua ação catequética.
Realmente a condenação do ato sexual é mais uma artifício da Igreja para manter seu poder de domínio, inclusive para seus próprios membros. Mas como este ato é necessário ao homem e indispensável à vida, ela a Igreja,diante dessa contradição finge não ver sua prática que na maioria das vezes passa a ser deformada,doentia, eivada de culpas.
Já a própria escolha da “vocação para o sacerdócio” deveria estar a indicar possíveis saídas para jovens que vêem na vida de padre uma fuga para sua possível sexualidade onde poderia ser possível a sublimação da já angustiante manifestação sexual .
“Quem está aí fora? Quem está aí fora? Continua a perguntar o execrado pastor no vídeo exibido com sensacionalismo. E não obteve resposta em que pese haver reiterado a pergunta.
Todos nós estamos aqui fora assistindo há anos a esses fatos e uns tantos outros que emolduram a ação da Igreja na sua insana luta por poder. Vendendo indulgências, bênçãos,a vida eterna em negação da presente, isso sem falar nas benesses materiais e porque não dizer também eleitorais.
Qual beata, professor, autoridade ou habitante de uma pequena cidade como Arapiraca ou Penedo não saiba da vida de seus padres?
Ainda o jornalista,agora pluralizado,- jornalistas do mundo inteiro-, afirma como da mesma maneira faz o promotor de justiça que o Bispo sabia e nada fez.
O Bispo, como nós, formamos também a igreja e sabíamos e tolerávamos esses horrores e tantos outros.Porque? O que fizemos durante tantos anos, enquanto milhares de jovens em sacristias, claustros, casas paroquiais, seminários, colégios, internatos e uma série de “instituições pais”tiveram suas vidas deformadas por esses falsos e mórbidos ensinamentos?
É hora de refletir que estamos diante de um problema muito mais sério do que a anômala prática sexual mostrada pela imprensa, e sim de um problema cultural A Cultura da Igreja, da submissão aos dogmas, da hipocrisia, da negação do presente em função de uma vida eterna que esse falso cristianismo nos tem imposto há séculos.
Foi para isso que Bernini imortalizou o êxtase de Tereza D’Avila e deverá ser esse o chamamento da denuncia do Cabrini. Dar um basta nessa falsa dominação da igreja.
Tanto os milhares de crianças, como de padres e todos nós somos vítimas dessa “sagrada tirania”.