O Diretório Central dos Estudantes (DCE) da Universidade Federal de Alagoas publicou nota em seu blog cobrando providência imediata do governo estadual a respeito da insegurança nos campus Maceió e Arapiraca. Vizinhos de unidades do sistema prisional, as duas sedes da Ufal tornaram-se áreas de risco para a comunidade acadêmica.
A nota do DCE da Ufal foi emitida ontem (segunda-feira, 02 de abril), horas depois do registro de mais uma invasão do campus Arapiraca por detentos do Presídio Desembargados Luiz Oliveira Souza (PDLOS). A operação policial para tentar capturar os quinze presos que escaparam da única penitenciária construída no interior de Alagoas causou pânico entre estudantes, funcionários e professores.
“A fuga foi a mais perigosa de todas as que já aconteceram, pois dessa vez foi feito um refém, baleado um transeunte e roubado uma van que faz o transporte dos professores que vem da capital”, desabafou o professor Cícero Adriano, docente do curso de Agronomia da Ufal em texto distribuído para a imprensa. Ele lembrou ainda uma pessoa morreu durante fuga anterior e uma grávida passou mal, abortando a gestação.
O veículo roubado nesta segunda-feira, 02, foi recuperado por agentes penitenciários com apoio da Polícia Militar em Craíbas, município vizinho de Arapiraca. Oito fugitivos foram recapturados e dois reféns foram liberados. Apesar da ação imediata dos agentes penitenciários e dos policiais militares, a comunidade acadêmica reúne-se em assembleia no campus Arapiraca para tratar do assunto.
DESATIVAÇÃO DE PRESÍDIO
A desativação do PDLOS deve constar na pauta da assembleía desta terça-feira, 03, reivindicação de alunos, funcionários e professores desde a primeira fuga da penitenciária para a universidade. O governador Teotônio Vilela chegou a anunciar o fechamento do presídio de Arapiraca, doando o prédio para a ampliação da Ufal no Agreste.
O anúncio mobilizou parentes dos reeducandos, em sua maioria famílias de baixa renda que ficariam mais distantes dos presos removidos para unidades instaladas em Maceió. A separação forçada causaria problemas no processo de ressocialização dos detentos, justificativa para ação movida pela Defensoria Pública e acatada pela justiça estadual, impedindo a transferência dos reeducandos do PDLOS para a capital, sob pena de pagamento de multa em caso de desobediência da decisão.
NOTA DO DCE SOBRE A INSEGURANÇA NA UFAL
A população de Arapiraca e toda sociedade alagoana receberam com alarde a troca de tiros e a fuga de reeducandos do Presídio Desembargador Luis de Oliveira Souza na manhã desta segunda, 02 de abril. Os fugitivos adentraram nas dependências da UFAL, causando pânico em todos os presentes e tentando invadir veículos que fazem o transporte dos estudantes e professores ao campus, e seqüestrando um motorista e seu veículo.
Infelizmente não estamos tratando de um tema novo. Há anos, os estudantes, professores e funcionários que compõem o campus Arapiraca, aproximadamente 2.800 pessoas, são vítimas da insegurança e da falta de respostas por parte do poder público na solução desse problema que extrapola as próprias responsabilidades e possibilidades da instituição, que através da direção do campus tem feito todos os esforços possíveis.
Diversas fugas já foram registradas, e até mesmo nas salas de aula é possível encontrar a marcas de tiro, o que mostra o risco eminente que estão sendo submetidos todos os membros da comunidade universitária.
Em dezembro do ano passado, após diversas mobilizações, em especial com o trancamento da AL-115, foi informado a comunidade universitária a desativação do presídio em audiência com o Governador do Estado, Sr. Teotônio Vilela, e a então Reitora da UFAL, Prof. Ana Dayse Dória, num prazo máximo de 90 dias. Em março desse ano recebemos a notícia da não desativação do presídio, após audiência com o Secretário de Estado da Defesa Social Dário César.
Há uma semana o campus de Maceió também enfrentou fuga do Presídio Baldomero Cavalcanti, levando medo e insegurança aos estudantes da capital. Até quando a comunidade universitária sofrerá com esse descaso? Será preciso algum estudante ou servidor ser atingido ou morto para que se tome uma outra postura?
O Diretório Central dos Estudantes vem a público cobrar providências imediatas por parte dos órgãos de segurança pública, da Reitoria e do Sr. Governador, contra as constantes fugas e a insegurança na UFAL. No próximo dia 03 de abril estaremos realizando assembléia com os estudantes do campus Arapiraca para dar encaminhamento às mobilizações por mais segurança na UFAL.
