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Sergipe

Curso de defesa pessoal de Sergipe é destaque nacional junto à Senasp

‘Curso de Defesa Pessoal Aplicado à Atuação Policial´. Esse era apenas um sonho de três profissionais de segurança pública que se tornou realidade em Sergipe. Desde o dia 1º de julho, policiais militares, policiais civis e guardas municipais são treinados na prática de defesa pessoal, atitude de vital importância para qualquer policial ou guarda atento ao seu papel social.

O curso – nível básico – partiu da iniciativa em conjunto do soldado da PMSE Élvio Marcelo Lisboa Santos – professor de educação física e faixa preta em Judô; do policial civil Alexander da Costa Souza, também professor de educação física e faixa preta em full contact; e do também policial civil Paulo César Santos Silva – professor de educação física e 6º Dan em Taekwondo. No momento, os três são instrutores da capacitação.

“Percebemos que o curso era importante e encaminhamos para apreciação junto à Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp). No universo de 142 projetos apresentados em 2008 ligados ao tema, apenas dois foram aprovados: O nosso e outro em São Paulo. Esse é o primeiro curso aprovado pela Senasp em Sergipe nessa área, então somente temos que comemorar”, destacou o soldado Élvio, um dos instrutores do referido curso.

A capacitação acontece distribuída em oito módulos, até o dia 28 de agosto, nas instalações da Academia de Polícia Civil (Acadepol) e conta com homens e mulheres interessados em técnicas que variam desde aprender a cair corretamente chegando à algemação tática. “Durante o curso percebemos que de fato é desnecessário utilizar a força necessária em algumas ocorrências do cotidiano. É preciso preservar a integridade física dos policiais e do suposto agressor, por isso temos noções de técnicas de abordagem, tiro, algemação individual e em grupo”, destacou a tenente Manuela Gomes de Oliveira (5ª Seção do EMG), uma das quatro policiais femininas do curso.

O curso foi iniciado com 40 alunos e 32 continuam nas atividades, tendo em vista que alguns profissionais desistem por conta do ritmo intenso do curso e desafios colocados a cada aluno. “Meu maior desafio foi quando tiver que lutar a primeira vez com um homem. A primeira vez que levei o professor ao chão e o imobilizei, percebi que a técnica e a agilidade são fundamentais nesse processo de aprendizagem”, completou a tenente Manuela.

As aulas acontecem às segundas, quartas e sextas-feiras, nos turnos da manhã e tarde, com uma carga horária total de 80 horas/aula. O ´Curso de Defesa Pessoal Aplicado à Atuação Policial´ conta com duas turmas, com no máximo 20 alunos em cada, mas o interesse por parte de outros profissionais é observado pelos instrutores.

“Trabalhamos na construção desse projeto por um ano, observando as principais necessidades dos policiais no confronto direto contra infratores. Há muitos momentos em que a força física deve ficar em segundo plano. Quando os alunos chegam ao início do curso não acreditam que é possível solucionar diversos conflitos utilizando a técnica e não a força, mas ao final da capacitação percebemos que são pessoas com uma forma diferente de observar a atividade policial. Não consigo conceber a idéia de existir um policial sem técnica de utilização de algemas, por exemplo. É fundamental saber se defender e não precisar machucar”, mencionou o soldado Élvio, que além de instrutor no curso presta serviço junto à Companhia de Polícia de Radiopatrulha (CPRp).

Para o soldado João Heleno dos Santos, que trabalha no Esquadrão de Polícia Montada (EPMon), o mais interessante do curso é aprender a cair – por trabalhar montado em cavalos -, e técnicas de defesa que devem ser aplicadas em atividades comuns, como resistência à prisão. “Cair e não se machucar é muito bom, pois quando trabalhamos com cavalos isso pode ocorrer, mas através do curso consigo cair sem problemas. Vejo a defesa pessoal como base da atividade policial e digo o seguinte aos colegas: quem quiser evitar transtornos com a justiça e defesa dos direitos humanos deve passar por este curso”, pontuou o aluno Heleno.

A opinião do tenente Arthur Silva (CPRp) em relação à capacitação é a melhor possível quando se fala sobre proteger a integridade física dos agentes de segurança pública em meio a ocorrências. “É comum tentar prender alguém e esse suspeito reagir, seja por estar revoltado, com medo, alcoolizado, drogado e temos que estar preparados para lidar com essa situação. Para mim, o mais interessante do curso são as técnicas de algemação, de fundamental importância para a manutenção da vida do policial. Já quanto a um grande desafio, diria que treinar sem machucar o colega exige muito de cada um de nós”, opinou o oficial também aluno do curso.

Continuidade do curso

O projeto apresentado à Senasp (em 2008), aprovado e que está em andamento inclui cinco cursos de defesa pessoal aplicado à atuação profissional. Este é o primeiro deles, mas outros quatro ainda serão aplicados em Sergipe este ano e contará com policiais interessados em aprender ou aprofundar diversas técnicas que podem ser utilizadas em ocorrências do dia-a-dia.

“Nós já encaminhamos o projeto nível avançado para a Senasp e esperamos que seja aprovado para dar continuidade às atividades em 2011, mas na realidade o ideal é que o projeto fosse itinerante. Nossa sugestão é de que podemos realizar cursos com um período menor em diversas cidades sergipanas, onde o máximo de profissionais de segurança pública pudesse participar e aprender essas técnicas. Lembramos que aprender é uma parte do processo, mas estar em constante treinamento é fundamental, por isso seria positivo se anualmente novas turmas de nível básico e avançado fossem acontecendo em sistema de revezamento, pois atenderíamos a demanda com o passar do tempo”, esclareceu o professor Élvio Santos.

Quer fazer o curso?

Um grupo da Senasp tem previsão de vir a Sergipe para padronizar o curso e aplicá-lo nos demais estados brasileiros, o que reforça a importância que a capacitação possui. Os interessados devem aguardar o encerramento das atividades dessa primeira fase do curso (1º e julho a 23 de agosto) para se matricularem na segunda fase. Informações podem ser obtidas com o soldado da PMSE Élvio Santos (CPRp), um dos renomados instrutores do curso. Contato: (79) 8844-2429.