A presidenta da Argentina, Cristina Kirchner, será operada hoje (4) para a retirada de um tumor maligno na tireoide, detectado há duas semanas. A cirurgia deve durar três horas e será realizada no Hospital Universitário Austral, na localidade de Pilar, a 50 quilômetros da capital, Buenos Aires.
A presidenta deve permanecer internada 72 horas e manter repouso ate o dia 24. A partir desta quarta-feira (4) e até o final da licença médica de Cristina, seu cargo será ocupado pelo ex-ministro da Economia Amado Boudou, que assumiu como vice-presidente há apenas 25 dias.
Os médicos asseguram que o câncer de Cristina é um dos mais fáceis de serem tratados, já que o tumor está encapsulado e não há metástase. A presidenta não terá que fazer nem quimioterapia nem radioterapia. Ainda assim, a internação está sendo acompanhada por simpatizantes e também pela oposição.
“A doença de Cristina Kirchner tem impacto político porque, desde o retorno da democracia na Argentina, em 1983, nenhum presidente concentrou tanto poder quanto ela”, explicou, à Agência Brasil, o diretor do Instituto de Planejamento Estratégico, Jorge Castro. “Ela não só foi reeleita, em outubro de 2011, com 54% dos votos, como também obteve uma diferença de 40% de votos em relação ao segundo colocado. Ou seja, nenhum funcionário do governo, nem mesmo o vice, tem autonomia para tomar decisões.”
Amado Boudou substituirá Cristina durante 20 dias, mas não terá escritório na Casa Rosada, o palácio presidencial argentino. Despachará em um escritório na sede do Banco De La Nación.
Centenas de simpatizantes da presidenta passaram a noite de ontem (3) acampados em frente ao hospital, com cartazes com a frase “Força Cristina”. São os mesmos que apareceram em Buenos Aires em outubro de 2010, quando o ex-presidente e marido de Cristina, Nestor Kirchner, morreu. Na época, muitos achavam que, sem o apoio dele, ela não teria ânimo para disputar a reeleição.
Cristina não só disputou e ganhou a reeleição, com mais da metade dos votos, como também obteve a maioria no Congresso. Mas, o segundo mandato promete ser mais complicado do que o primeiro, devido em parte, à crise internacional. Assim que foi reeleita, a presidenta tomou medidas para cortar gastos públicos.
A presidenta será operada pela equipe do médico Pedro Saco, diretor do Departamento de Cirurgia do Hospital Universitário Austral e chefe do Departamento de Cirurgia de Cabeça e Pescoço do Instituto Ontológico Angel Roffo.