Representantes das maiores agências de notícias do mundo, públicas e privadas, estarão reunidos nos próximos três dias, em Bariloche, na Argentina, discutindo estratégias para enfrentar os problemas trazidos pela expansão da internet e o surgimento das novas mídias virtuais. Entre esses problemas, estão a perda de assinantes, a violação do direito autoral e a produção multimídia de conteúdos.
O 3º Congresso Mundial de Agências de Notícias foi aberto nessa terça-feira (19) à noite pela presidente da Argentina, Cristina Kirchner. Falaram ainda na abertura o vice-presidente da agência argentina Telam, anfitriã do evento este ano, Sergio Novoa, e o presidente do Conselho Mundial de Agências de Notícias (e também da Agência EFE), Alex Grijelmo.
Cristina Kirchner, que vive uma conflituosa relação com os meios de comunicação de seu país, fez um discurso moderado, reconhecendo o papel das agências como grandes fornecedoras de informação, bem como as mudanças trazidas pelas novas tecnologias. Nessa nova realidade, disse ela, as mídias acabam competindo com a própria sociedade, que assume papel de protagonista, buscando participar diretamente da divulgação das informações, de seu ponto de vista. No entanto, ela destacou, o usuário da rede, ao contrário de uma agência de notícias, não tem responsabilidade pelo que divulga.
Cristina Kirchner revelou que usa a ferramenta do Twitter para evitar que suas declarações sejam deturpadas. Ali ela escreve pessoalmente o que pensa. No discurso, mencionou a Lei dos Meios Audiovisuais, que está em vigor há um ano e estabeleceu o novo marco regulatório para a radiodifusão, proibindo a concentração da propriedade e o monopólio.
A presidente argentina questionou a existência de notícia isenta ou imparcial, citando como exemplo a recente tentativa de golpe no Equador, que muitos veículos trataram como mera rebelião militar, sendo preciso que o próprio presidente, detido em um hospital, denunciasse pelo rádio a natureza política do atentado, que acabou se confirmando. Citou ainda o atentado terrorista à Estação de Atocha, em Madrid, em que a versão oficial acabou sendo desmentida por uma rede de mensagens por celular: o atentado não havia partido do grupo separatista basco ETA e sim de um grupo fundamentalista islâmico, em retaliação ao apoio da Espanha à invasão do Iraque pelos Estados Unidos
Antes dela, falaram Sergio Novoa, da Telam, e Alex Grijelmo, dirigente da Agência EFE e presidente do Conselho Mundial das Agências. Ambos destacaram a importância do congresso trienal como espaço para a troca de experiências e a busca conjunta de estratégias para enfrentar as mutações por que vem passando a área de informação e comunicação em todo o mundo, causando impacto direto na vida das agências.
Ambos destacaram a diferença entre os conteúdos apócrifos ou sem responsabilidade definida que circulam na internet e as notícias, atestadas pela marca e pela confiabilidade da agência que as veiculou. Entre outras medidas, ele propôs um protocolo de entendimento para o combate à pirataria, permitindo que as agências compartilhem softwares, advogados, normas e procedimentos em defesa de seus conteúdos.
Representantes de mais de 60 agências privadas, públicas e estatais dos cinco continentes participam do congresso, que se repete a cada três anos, já tendo ocorrido na Rússia e na Espanha. Do Brasil, participam representantes da Agência Estado, de natureza privada, e da Agência Brasil, que integra o Sistema Público de Comunicação, gerido pela Empresa Brasil de Comunicação (EBC). Mais informações pelo site www.nawc.com.ar.